Chama-se Kaspars. Bebia vodka com mirtilo. Aliás, eu não percebo qual a fixação dos letões pelo casamento do mirtilo com a vodka. E digo-vos mais eu nem gosto muito desta introdução. À primeira vista pareço daqueles jovens malucos pela noite e pelo encanto das bebidas. Ora bem, para que saibam, o principal motivo que me leva a atentar no “vodka mirtilo” é o facto da bebida ser azul. E eu não saio muito à noite.
Nunca achei que o azul fosse bebível. Eu, se tivesse que criar um líquido qualquer azul, seria um detergente para a roupa. Estas cuecas vão ficar limpas como o azul do céu, como o mar ou os teus olhos. Se repararmos bem o azul está presente à nossa volta. Já uma vez me disseram que 95% do que se constrói ao nosso redor é resultado da Matemática. Da Matemática e do azul. Daqui podemos concluir, através de um silogismo, que a Matemática é a grande vodka da educação.
E estão todos embriagados. Agora queixem-se que os miúdos não sabem o teorema de Pitágoras, e são uns zeros a geometria. Toda a gente sabe que a vodka só deve ser consumida em ocasiões especiais, e em poucas quantidades. De resto, é uma garrafa que fica bem na prateleira. Para os mais racionais, é daquelas coisas que nunca é enxertada. Fica para quando o menino tiver 50 anos e estiver de mantinha nos joelhos a ver, na televisão, as marchas de Santo António.
Agora queixem-se que os miúdos usam muito a calculadora. Pudera! Olham para os números: mexem com eles, mas nunca os bebem. Não os consumem. Tal como a garrafa de vodka que o reguila do Francisco ofereceu ao pai. Eu até acho que, se fosse feito um estudo, chegar-se-ia à conclusão que o insucesso na Matemática seria proporcional ao exponencial aumento do consumo de vodka nos últimos anos.
Aliás, todos os grandes matemáticos são possuídos consumidores de vodka, mesmo que assim não o queiram admitir. Chama-se Kaspars. Bebia vodka mirtilo. Quem me levou até junto do Kaspars foi o Phil Ribatejano, que é uma” barra” a matemática. Agora pensem…