Eu não me identifico com nenhuma religião. Preocupo-me sim, em ser um gajo porreiro. Porque as religiões não fazem sentido nenhum. “João, sempre foste honrado, digno e sério. Pena não teres sido baptizado. O Inferno espera-te”. Francamente…
Eu já pensava isto nas minhas primeiras idas à catequese. Era ao sábado de manhã e, se querem que vos diga, teria ficado bem melhor a saborear a cama. Valia pelo algum convívio, e jogos didácticos que fazíamos no jardim da Igreja de vez em quando. Mas só de vez em quando. De resto, era um chorrilho de disparates. Ainda bem que a Bíblia foi apenas escrita 30 anos depois dos eventos se terem passado: era a mesma coisa que eu agora me lembrar da cor da haste dos óculos do Padre Martins, ou então da blusa da Joaninha. Duplo francamente…
Era uma criança bastante chorona, diga-se de passagem, e não raras vezes saia da catequese de rastos por algum comentário mais infeliz que a dita comandita eclesiástica me mandava. Mas pelo menos ajudou-me a ser farsola.
“Olhe, tenho de me ir embora mais cedo porque os meus pais vão para a aldeia e estão à minha espera”.
Criança não mente, e lá ia eu todo contente a caminho de casa, sem qualquer problema. Lembro-me que, numa dessas vezes em que aldrabei(e não me arrependo) quase que fui atropelado por uma carrinha de caixa aberta. Aí fiquei angustiado: se calhar foi castigo divino. Eu acho que foi mais obra do Espírito Santo do Acaso…
Por falar em aldeia, uma vez puseram-me a andar com um dardo na mão numa procissão. Sim, eu chamo-lhe dardo. Pelo menos na minha imaginação sentia-me um Jan Zelenzy. Para os demais, era o destaque da procissão. Lembro-me que nesse dia parti os meus dentes da frente e quem me socorreu foi a minha falecida Tia Alice. Sem grande contacto com ela, esta é a recordação mais presente que dela tenho.
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