Sábado, 29 de Dezembro de 2007
Um dia na Segurança Social- questionando a democracia em Portugal
29 de Dezembro de 2007, aqui vou eu à Segurança Social. Cessei a minha actividade de recibos verdes em Março do presente ano mas só agora dei baixa aos respectivos serviços. Chego às 14h00 e retiro o ticket número 198. Ainda estamos no 102, por isso afiguram-se duas horas de pleno tédio.
Neste período entretenho-me a ouvir as conversas alheias. Como gosto desta forma de antropologia, espanto-me com a quantidade de indivíduos que ali se encontram para receberem subsídios e pior do que isso, de como se revoltam com os mesmos. Sem instrução, sem modos, utilizando versões sem razão e sem sentido, tudo em prol de um "dolce fare niente" que em português significa não fazer puto.
Nestas duas horas questiono-me. Como é que é possível que seja gente desta índole, sem qualquer sentido crítico que oriente a sua própria vida, que eleja os nossos governantes? Como é que é possível que gentinha que viva à custa de subsídios, e que percebi serem carradas em toda a sociedade, que tenha a legitimidade de conferir poder a uns e retira-lo a outros?
Entendo que a democracia é um direito assistido a sociedades evoluídas, em que a existência de instrução digna e de civismo capaz possa de facto conferir legitimidade aos eleitores. Não entendo que seja um direito de uma população que não oferece garantias. Basta vermos os números: 33% de baixas fraudulentas, 75% de pessoas que não sabem interpretar um simples horários de autocarro e 95% de pessoas que não acompanham o fenómeno político. Sera que assim temos condições para evoluir?