Sexta-feira, 27 de Novembro de 2009
28 de Novembro- o meu dia de azar

 

Vem aí o dia 28 de Novembro. É já amanhã. E eu obrigatoriamente vou ter de sair de casa para ver o jogo F.C.Porto – Académica em juniores. Na história da minha vida o 28 de Novembro é um dia maldito, sobretudo do ponto de vista ortopédico. Eu não acredito em bruxas mas que elas existem…
28 de Novembro de 1995- Treino da selecção da escola António Sérgio e na disputa de um lance espeto-me no chão, fazendo uma fractura do ramo verde(braço) que me valeu 2 meses de gesso. Acreditem que foi uma coisa mesmo violenta, de tal forma que ainda hoje, nos dias de maior frio, ainda sinto a fractura. Aliás, há uns anos fiz uma radiografia e o meu osso parece que tem uma braçadeira interna.
28 de Novembro de 2000 – Jogo da equipa da universidade Fernando Pessoa contra a Faculdade de Nutrição. Na disputa de um lance na área sou calcado com violência no tornozelo. O tipo nem amarelo levou. Consigo aguentar metade do jogo em agonia até que sou substituído ao intervalo. Regresso a casa de carro e, à noite, dá-me uma verdadeira crise. Nem me conseguia mexer. No hospital detectam uma fractura do maléolo externo. Resultado: mais dois meses de gesso.
28 de Novembro de 2007 – Estava muito sossegado a trabalho quando uma pontada na coluna me deixa completamente robótico. Ausento-me e em casa sou imediatamente encaminhado para o hospital. Lá diagnosticam-me um desvio na coluna derivado das minhas insuficiências de crescimento. Para me conseguir deslocar para casa novamente tive de levar umas injecções de ópio, reconheço, nada agradáveis.
Amanhã lá vou eu sair de casa. Mas confesso que vou com cuidados mil, como diria a Nisa. Ainda por cima é sábado, o que não é nada abonatório. Espero ultrapassar esta minha superstição. Agora, acreditem, não há coincidências!


publicado por Gil Nunes às 10:37
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Terça-feira, 24 de Novembro de 2009
Carta a Deus sobre o melão

 

E Deus criou o melão. Mas enganou-se. Pois é hoje voltam os grandes pensamentos sobre alimentação. Com relevância, mais do que merecida, para o melão. É o meu fruto predilecto. O seu sabor mescla-se com o trabalho que dá para dele nos termos de servir. Invisivelmente é uma mensagem encriptada que Deus nos pretende transmitir: o que é bom dá trabalho. Temos de o abrir, cortar e depois guardar religiosamente para nova utilização. Livra!
Que bom seria que o melão pudesse trocar de formato com a maçã. No supermercado, pediriamos um quilo de melão “starking” ou “reineta”, e poderíamos desfrutar do seu sabor com mais regularidade. Afinal o que calha mesmo bem após um robalo assado é um bocado de melão. Mas, naquele momento em que estamos a ver a SIC Radical, ter que ir ao firgorifico cortar uma fatia e arrumar o resto não dá jeito nenhum. O melão em calda já veio facilitar a tarefa, mas a artificialidade com que é tratado tira-lhe todo o carisma. Sim, um melão precisa de carisma.
Por isso, Deus, te escrevo. Anda lá que eu até sou bom rapaz e não sou como aquele tipo que anda para aí a falar do Abel e do Caim a chamar-te nomes impróprios. Se concordares, eu amanhã acordo e monta-se o cenário à minha maneira: é só trocar o melão pela maçã, mantendo-se os formatos. O que Te peço não é nada de mais. Confio nos teus poderes para apagares da mente dos homens os pseudo-ruidos sensuais das dentadas de maça, as relações com as manhãs Sveltesse e toda a alegoria do pecado e da carne que lhe está associado. Gosto muito dessas mensagens mas podemos estabelecer novas relações. Aliás, até se podem manter. Que linda mulher apareceria junto de nós dando uma vigorosa e ruidosa dentada num pedaço estaladiço de melão. Como vês, tudo se pode manter. Menos o sabor.
Eu já percebi. Tudo o que dá prazer requere trabalho. Para isso já inventaste as couves e as alfaces, bem como o queijo camembert e o vinho. Agradeço-Te por isso mas deixa o melão em paz. E não entendas esta carta como uma reclamação. Encaixa-a apenas na caixa de sugestões e lembra-te que vai de um amigo que te agradece todos os dias.


publicado por Gil Nunes às 16:19
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Segunda-feira, 23 de Novembro de 2009
O entrevistado

 

Hoje vi um tipo na meio da rua. Tudo muito normal não fosse a indumentária. Calças azuis – escuras impecavelmente vincadas, camisa aos quadrados e um pullover ao pescoço, com o nó de marinheiro geometricamente solto no pescoço. Cabelo penteado com risca ao lado e óculos com pouca graduação. Duvido que o tipo precissásse de óculos para fazer fosse o que fosse. Era mesmo só para dar aquele aspecto politicamente correcto de profissional dedicado, que chega a horas ao posto de trabalho e é extremamente afável com os colegas. Poucas dúvidas tenho: o tipo ia a uma entrevista de emprego.
Eu se fosse gestor de recursos humanos das primeiras coisas que fazia era ir a um infantário com uma tela gigantesca, e pedir a um conjunto de miúdos que a pintassem da maneira mais “javarda” possível. Depois colocava o quadro no meu gabinete. Mal entrássem os candidatos eu perguntaria:
“O que pensa deste meu quadro?”
Tenho a certeza que aquele fulano, que eu hoje vi passar,diriaque se tratava de um magnífico exemplar de arte abstracta típico de uma transmissão de mensagem profunda e estado de espírito melancólico por parte do autor. Ou daria uma resposta menos criativa, dizendo que era muito bonito e que ele próprio tinha como principal passatempo a pintura. É claro que se ele me surpreendesse com uma resposta sincera eu estaria disposto a matar o meu estereótipo. A mudança de opinião é sempre permitida!
Quando tudo bate muito certinho, para mim nada bate certo. Naquela pequena fila de trânsito tracei o perfil àquele indivíduo que passou. Penso que ele não foi longe na entrevista de emprego dele. Se eu fosse o recrutador pelo menos já estava com pontos negativos na avaliação.  E eu aposto que aquele tipo não precisava de óculos!
 


publicado por Gil Nunes às 12:19
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Sexta-feira, 20 de Novembro de 2009
A mentalidade "Scolari" do sistema laboral

 

Hoje recebi um mail que confirmou algo que já tinha lido há uns tempos. Os suecos reduziram a carga horária dos seus trabalhadores, deixando mais tempo para que cada um possa desfrutar da sua vida. Porque é disso que se trata: vida. Segundo as novas contas cada sueco trabalha apenas 5,5 horas por dia mas às contas disso a produtividade do país aumentou em 20%.
É uma medida prática e eficiente. Sem mais alongas. Eu acho que no nosso sistema laboral existe muito a mentalidade “Scolari” com os resultados que se sabem. A necessidade de se criar um espírito de família, de superação e de entrega aos valores da empresa acaba por ser um verdadeiro guindaste açambarcador da liberdade. Mas será que o trabalhador já não sabe disso?
Se não sabe, devia saber. Tudo na vida funciona à base do grupo, sendo necessárias as compensações ao outro em caso de falha. Na altura do mérito também o galardão é distribuido por todos aqueles contribuiram. Acho lógico e linear. A mentalidade “scolariana”, para mim, não passa de mais um dos “filmezinhos” da nossa sociedade.
Tenho o direito de escolher aqueles com quem me relaciono. Uma das coisas que mais confusão me faz são os chamados “fins-de-semana da empresa”. Na minha óptica temos o dever de promovermos um relacionamento agradável e cordial com os colegas de trabalho e o direito de escolhermos com quem pretendemos passar tempo. Por isso, os ditos “fins-de-semana” podem ser promovidos, mas a sua adesão facultativa. Mais do que qualquer trabalho ou produtividade, interessa é a felicidade do indivíduo e o aproveitamento da sua vida. Para tal, o desfrute em pleno do tempo livre é, para mim, um direito absolutamente inalienável. Passa o tempo com quem quiser,aproveitando de forma intensa todos os minutos.
Tal como noutras questões, a mentalidade nórdica faz falta a um pais por vezes demasiado emocional. Será que as pessoas são realmente felizes? Eu acho que não. Pugno por uma sociedade mais realizada, com espírito de trabalho responsável e, acima de tudo, com carácter.


publicado por Gil Nunes às 15:00
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Quinta-feira, 19 de Novembro de 2009
As gorjetas do Canadá

 

Não suporto individuos que se fazem às gorjetas. E acho que o fenómeno não é cultural. É uma questão de bom –senso, cuja resposta provém da nossa consciência e não dos ditames de qualquer sociedade. Dar uma gorjeta representa para mim o mesmo que cuspir para o chão. Não dou nem suportaria receber.
No momento da realização do trabalho, o indivíduo tem duas opções: bom ou mau profissional. Se é bom corre o risco de ser recompensado suplementarmente pelas suas acções; se é mau sujeita-se ao que há, sendo que este comportamento não é censurável. São opções.
Em Vancouver tive duas situações curiosas. Na primeira delas, no restaurante do Stanley Park, o empregado revelou-se exageradamente simpático. Perguntou-me de onde eu era, disse-me que sabia dizer umas palavras em português etc. E depois era aborrecido. “O pão do teu hamburguer queres com grão? O bife bem ou mal passado? Aqui tens mais uma sprite, aqui não se passa sede”. O que à partida pode parecer um discurso simpático, eu topava ali uma nítida aproximação à gorjeta choruda do estrangeirolas. Não sei porque mas o tom daquele tipo não me inspirava qualquer tipo de simpatia.
Na altura de pedir a conta, esvaziei todo o meu porta – moedas para a mesa. Disse-lhe que não estava familiarizado com as moedes e pedi para tirar o valor da conta. O tipo lá tirou e ficou a olhar para o resto das moedas com aquele ar de “that’s it???”. Peguei nas moedas espalhadas pelo balcão e fui-me embora. O tipo quase que me esbofeteou com os olhos. Nem me despedi. Eu detesto pessoas artificiais e graxistas. E pouco inteligentes.
Se aqui me armei em justiceiro, no passeio a Victória fui bem mais generoso. O guia, Aubyn, sabia pormenores incriveis da história do Canadá. Respondia a todas as questões com uma enorme clareza, mostrando estar bem documentado em todas as matérias. Fiquei a saber porque motivo era Victoria a capital e não Vancouver, as motivações do arquitecto de Victoria e a conhecer a cidade em todas as suas dimensões. Sem ele me pedir, deixei-lhe 20 dólares no final. Há gente que merece a minha generosidade. Adoro gente inteligente e culta.


publicado por Gil Nunes às 15:39
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Terça-feira, 17 de Novembro de 2009
Prosa poética à repartição de finanças

 

A repartição está cheia de gente que tudo diz mas nada sente. A partir do momento em que começamos a fazer parte da papelada,  e temos as credenciais e as avenças como nossas irmãs, toda a nossa família se torna burocrática. Amanhã os anexos não podem chegar tarde à escola. No Natal, as directivas levam as mal se não lhes levarmos um belo naco de bolo rei. E a constituição, o que dizer da constituição? Está tão velha que o melhor mesmo é não a levar a sério.
Somos um filme de Charles Chaplin. Ainda vibramos com os acordes do Led Zeppelin e estranhamos a agressividade do Kusturica. São Pedro ri e chora às bandeiras despregadas. A sala, escura e etiquetada pelos tiquetes, é indiferente a tudo isso.O estado de tempo é um produto da sociedade cosmopolita. Modernices bah!
Esta estrada faz-se em montanhas de mecânica, elos conectos e dispersos até tudo fazer sentido. Na repartição tudo é um nirvana. Estamos no intermédio da nossa existência terrestre e dos seus compêndios e do requerimento da vontade dos deuses. Aqui nada se sente com fôlego cheio. É simplesmente um suspiro. Porque ninguém sonha ser profissional de repartição de finanças.


publicado por Gil Nunes às 14:42
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Segunda-feira, 16 de Novembro de 2009
Paris Texas . Análise geral/ A fabulosa passagem da modista

 

Ontem vi o filme “Paris – Texas” . Confesso que tenho uma grande facilidade para adormecer que, tal como tudo, tem vantagens e desvantagens. Acho que não o conseguiria ver no cinema, pois ontem adormeci duas vezes. O filme é muito parado, prende-se por diversas vezes em pormenores desnecessários, quase que se arrasta. Eu compreendo que se trata de um filme que apela à sensibilidade, no caso o relacionamento de toda uma família. Mas precisava de uma nova filtragem, de uma eliminação de cenas supérfluas.
Aliás, eu podia começar a definir o meu próprio ranking cinematográfico. No tempo do Mozart eram os bocejos reais, agora que sejam os meus tombos nos braços de Morfeu. Duas vezes que passei pelas brasas, então pode-se dizer que o filme tem a classificação de “razoável”. Agora podem contar sempre com o meu ranking: eu sempre que começo a ver um filme termino-o. Por muito mau que seja…
Apesar desta análise geral, o “Paris Texas” tem uma cena absolutamente magnífica! É soberba! Falo daquela passagem em que Travis, a personagem principal, vai a uma modista mexicana para arranjar roupas “á pai”. É daqueles pequenos desejos que têm um enorme significado contido. Eu, por exemplo, após o filme pus-me a bisbilhotar o guarda-roupa e acho que não me conseguiria vestir à pai. Mas diz a modista:
“Um pai rico olha sempre para o topo. Já um pai pobre observa o chão.”
Puxei para trás pelo menos meia dúzia de vezes.Vi e revi. É fabuloso como na simplicidade podemos descortinar passagens de génio, que nos classificam em duas ou três pinceladas um estado social, as relações familiares ou a insegurança das pessoas. No meu “top-5” de melhores passagens de sempre, esta está definitivamente lá! Mas mesmo lá!

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publicado por Gil Nunes às 11:49
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Sexta-feira, 13 de Novembro de 2009
Tripoli, 1995

 

Ainda não tenho idade para calcorrear as ruas, como vim a fazer anos depois em muitos outros locais do mundo. Aqui cheguei depois de uma viagem muito arenosa, com pouco verdura, que não consigo descrever como bonita. Há sítios do planeta que por muito que nos esforcemos não temos a capacidade de os transformar. Apenas na cultura com o homem, errante, a dizer o que a Natureza silencia.
A praça está cheia de homens de pijamas brancos, que na minha inocência penso ser a moda cá da zona. A sineta toca cinco vezes por dia e os ditos cujos vão até uns prédios esquisitos levantar o rabiote. Antes, porém, lavam os pés com muito vigor. Fazem uma fila e os seguintes lavam-se na água suja do parceiro anterior. Pouco interessa. Dizem que é purificada.
Está sol. A praia está deserta e alguém escreveu o teu nome em toda a parte. A bordo das palavras guiemo-nos até Lisboa, cidade de paredes pintadas com dizeres revolucionários sem sentido. As vendedeiras fazem o seu trabalho no mercado, com os pregões a captarem clientes que se esgrimam pelo melhor pedaço de fruta, carne suculenta ou simplesmente para queimar um pouco mais a pele enquanto se comem umas tâmaras.
Não fosse eu a minha figura futura e teria de haver aqui história, episódio, segmento!
“Eu calço 39 patroa. Deixe-me ver se estes servem”
Ahmed(nome ficticio) leva à boca as dentaduras colocadas no mercado. Quer ficar bonito para o encontro com Al – Jalula. Aquele modelo não serve. Voltando a pousar, Ahmed dá o toque a Abdullah. Afinal ele é que calça o 40 e até tem os molares rebaixados. E Abdullah experimenta. Serve!


publicado por Gil Nunes às 15:57
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Quinta-feira, 12 de Novembro de 2009
Robert Enke e Prof.Chibanga

 

A NASA emitiu ontem um comunicado no sentido de esclarecer as pessoas que o mundo não vai acabar em 2012. Nada de mais. Teria interesse se tivesse emitido um comunicado a dizer que o mundo ia acabar. Isso sim tinha piada.

Mas o mundo acabou para Robert Enke. Circunstâncias várias da vida ditaram o seu fim prematuro ele que, pelos relatos, era realmente uma boa pessoa. Se querem que vos diga foi um acontecimento que me tocou muito mais do que a morte do Raul Solnado. Eu já conhecia a história dele, era admirador da sua carreira enquanto guarda – redes e considerava-o um óptimo desportista. Tenho uma opinião muito semelhante em relação a Nuno Gomes. Acho-o um tipo impecável.
 
Depressões, tristezas, agruras múltiplas. O que não faltam por aí são pessoas a sofrer. Talvez por estarem manietadas a um estilo de vida, por terem vergonha de não se assumirem como crianças, de mergulharem na mesquinhez. Não falta aí gente que necessita de ajuda. Irrita-me é que não se questione.
 
Se por vezes tenho fé noutras também sou céptico. Porque devemos acreditar em profecias quando o que está para trás padece de confirmações? O Professor Chibanga não nasceu agora. Tal como hoje acontece, também os contadores de histórias ganharam notoriedade social. E a história relata tantas coisas incríveis e eu às vezes dou comigo a pensar: porque é que eu, com 28 anos, nunca assisti a nada de divinamente assombroso?
 
Bem, eu se calhar assisti. Tento ser o mais grato possível e louvar o meu estilo de vida. Podem dizer que eu tive sorte, que sou despreocupado, mas eu acho que também tive algum mérito. Não gosto é de ver mortes prematuras. E a do Enke é mais uma lição. Da minha parte vou tentar a mensagem aos outros de forma mais profunda. Porque não quero que o mundo acabe, pelo menos para ninguém. Quanto ao Nostradamus, paciência, ele que continue a falar que eu até lhe ajusto o palanque!


publicado por Gil Nunes às 11:50
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Quarta-feira, 11 de Novembro de 2009
Bifana

 

Apesar de ter sido há pouco tempo, recordo com saudade os tempos de confraternização no La Bodega de Vancouver . José, Paco e tantos outros que passavam pelo balcão e no instante passavam a ser amigos. Do convívio se passava rapidamente à risada, enquanto se miravam as belas pernocas das mexicanas que trabalhavam naquele estabelecimento.
 
Foi a oportunidade de ouro para matar saudade das amêijoas e do meu peixinho variado, que no Canadá escasseia. Aliás, naquele país o único peixe que eu vi com abundância foi o salmão, que é o peixe mais homossexual que existe. A sério, aquilo quase que passa por carne de vitela.
 
No meio do “chit – chat”, lá apareceu um fotógrafo canadiano que me disse ter estado em Portugal a fazer uma reportagem. Perguntei-lhe o que tinha gostado e ele respondeu-me que apreciou muito um fabuloso petisco da nossa praça: a bifana. E pediu-me para lhe dar a receita.
 
Sabem bem os que me rodeiam que não cozinho nada bem. Mas quando me perguntam sai-me sempre a receita “Carne de porco com ananás” que eu uma vez vi naquele programa da Roça com os Tachos. Por certo que Filipe Abrantes se lembra daquela mítica noite no Triplex em que uma sujeita me perguntou qual o prato em que eu era especialista. Disse-lhe a receita de trás para a frente e ela não duvidou por um instante. É por isso que eu digo que na vida mais vale parecer do que ser. Posso é garantir que, para compensar, sou muito asseadinho e até tenho um bocado a mania das limpezas.
 
Mas de bifanas não sei. E não me apeteceu estar a mentir, pelo que lhe disse que o melhor que tinha a fazer era ir ao Clube Português de Vancouver. Uma semana volvida não percebo qual a fixação na bifana. A última vez que comi uma bifana foi no Verão quando fui à quinta do meu pai. É daquelas coisas que não consigo dizer se está boa ou não, sabe-me sempre ao mesmo. A bifana é a minha caixa de embraiagens. Quando falo do meu carro nunca me refiro a ela, apesar de não me incomodar. É uma relação estranha e pouco íntima, sem qualquer tipo de relação emocional. Amorfa diria mesmo. Não seria capaz de entrar na “Confraria da Bifana”.


publicado por Gil Nunes às 16:31
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