Procurar o conflito não é mau. Às vezes é o segredo da solidez de várias relações. Mas há pessoas que o procuram por necessidade, outras que o evitam. Uma questão de feitio e das características de cada um, que não quer dizer seja o que for. Por outras palavras uma pessoa conflituosa pode ser excelente, ou uma pacata pode ser traiçoeira. Para mim as várias definições estão interligadas mas não estão relacionadas, vivem em universos diferentes.
Às pessoas que procuram constantemente o conflito costumo chamar de “argentinos”. Se repararem os argentinos conquistam muita coisa, sobretudo no desporto, à custa das suas emoções e da garra que empregam nos seus combates. Procuram o conflito para dele tirarem partido, pois têm aí um ponto forte.
Eu aprendi a lidar com os argentinos através do meu vizinho de baixo. Era miúdo e punha a música mais alto e lá vinha ele bater à porta e reclamar; tinha o azar de partir um prato e lá vinha mais um discurso do sossego e da tranquilidade; e eu lá reagia, tentando-me defender da maneira que podia sem me chatear muito. Os conflitos sucediam-se em catadupa e mais um bocadinho estava enclausurado, a navegar à custa dos meus azares.
Às tantas dei por mim a pensar. Sim, porque eu acho que a solução para os nossos problemas pode estar ali ao lado. Fiz uma experiência, aliás duas! Para me testar coloquei o “Atom Bride Theme”, dos Blasted Mechanism, nas alturas na aparelhagem lá de casa. Eram 9 da noite e 5 minutos volvidos lá estava o dito cujo.
“Já estou farto de lhe dizer qualquer dia chamo a polícia e blá, blá, blá”
“Pois….sim….. tem razão” disse eu tentando demonstrar segurança com o cuidado de não vacilar nas minhas palavras.
Três dias depois foi mais uma injecção musical, desta vez de “Nookie” dos Limp Bizkit. Uma barulheira infernal e cinco minutos volvidos…nada! Mais uma faixa do cd… e o sossego é a nota dominante! E eu tinha a certeza que ele estava em casa, pois vi-o mais tarde na janela a fumar!
Podia ter sido um dia como outro qualquer mas aprendeu-se algo. Eu pelo menos evoluí à custa das minhas experiências. Há milhares de argentinos à nossa volta. Se não queremos conflitos apenas há que compreende-los e lidar com eles em nosso benefício. Agora, acreditem, eu não gosto nada de conflitos, porque acho que se virmos bem a duração da nossa vida, e posta a probabilidade de que a qualquer momento podemos levar com um vaso na cabeça e ir desta para melhor, não me apetece nada passar estas férias a discutir!