Hoje o dia não trouxe nada de novo. O passeio no castelo foi retemperador, pela fina conversa sobre a política de transportes e pelas magnificas vistas sobre a cidade. Aqui em Bragança as pessoas são extraordinariamente simpáticas. E felizes. Parece que toda a vida se desvanece na tranquilidade de uma vida sem competição. Eu confesso que era capaz de viver aqui.
Enquanto me surgem ideias para as novas linhas de “Os Pensos de Fígaro” penso nas últimas cenas do filme “Sinais do Futuro”. E acrescento-lhe alguns traços. Vamos imaginar que todo o planeta se molda à imagem de Portugal. Como a cena final do filme retrata a existência de Adão e Eva, eu faço a ponte para o que realmente se teria passado. Acreditem é numa coisa: foi dos finais mais geniais que já tive oportunidade de assistir. Recomendo vivamente o filme!
Ora bem e Deus(a quem vamos chamar Cláudio para podermos albergar os saramaguistas) criou o Adão e a Eva. Mas como quer criar Portugal a seguir criou também uma terceira personagem: o Alves. O Alves é aquela personagem que a Bíblia não vai retratar, mas que é parte integrante de toda a acção. É ele quem coordena todos os passos dos dois protagonistas. Por muitos que eles sejam livres, o Alves é o mestre do detalhe. É aquele cujo olhar evita os perigos. Meus Deus se não fosse o Alves a história não se escreveria.
Ao longo da história, de maçãs e capítulos eróticos, é Alves quem faz a ponte entre Claudio, Adão e Eva. É um intermediário que determina uma plataforma sem ruídos, que impede que as duas línguas faladas na ocasião não sejam distintas. É Alves quem rega a árvore, apanha os frutos e dá realidade ao universo auto – suficiente criado por Cláudio. Porque o mundo se faz de imagens reais e não virtuais, há sempre alguém que tem de por a água na fervura e contornar a lápis os glaciares no mapa.