Segunda-feira, 26 de Janeiro de 2009
Injustiças para com Gil Nunes durante o tempo de estudante
Nos arquivos da memória, quero hoje trazer a lume três injustiças escolares que não esqueço. Obviamente que são casos menores, nem pretendo eu de qualquer forma responsabilizar os docentes de então, mas seja como for este jovem estudante que hoje gestor de conteúdos vos escreve não esquece estas situações pelas quais foi penalizado sem culpa alguma.
- Já aqui contei neste post, mas volto a lembrar. Houve uma vez, na escola primária, que o átrio da entrada principal estava cheia de caroços e fios de cereja. Procurando o responsável, sem resultados práticos, o professor decidiu expressar a sua ira sobre o primeiro que viu em frente. Eu, que nem gosto de cerejas nem sequer comia na cantina, mas que por obra do infortúnio ia a passar fui a vítima. Resultado, fui eu que paguei fisicamente com um par de estalos e tive de apanhar os ditos resquícios de cereja até à hora da aula. Não foi mesmo nada justo;
- Outra vez, já na escola preparatória, houve um otário que decidiu assobiar na sala de aula. Naquela mesma altura eu, sem saber o que tinha acontecido, pus-me a ver as horas no relógio de pulso. A professora, pensando que eu estava a disfarçar, castigou-me com duas folhas cheias da frase “não devo assobiar na sala de aula”, com reprimenda para os pais. Como ninguém se acusou lá tive eu de cumprir a pena. Era na aula de Ciências da Natureza;
- Na Escola Secundária, numa aula de Matemática, estava sentado em frente a uma janela que estava mal fechada, a bater irritantemente. Por minha iniciativa, e acho que não censurável, levantei-me e fechei a mesma. O problema é que a janela estava cheia de autocolantes e, no momento do acto de encostar a janela, o professor pensou que eu estava a cola-los no vidro.
Levei um berro que se ouviu em Roma e uma forte reprimenda sobre como preservar o património escolar. Como me lembrei das outras duas situações fiz ouvidos de mercador e sinceramente nem ouvi metade daquilo que foi dito.
Não quero com isto dizer que não tenha sido bem repreendido em certas situações, até porque nunca fui exemplo de menino de coro. Mas como estas situações têm bem mais piada, aqui fica o registo. Não quero, também, fazer o discurso do “coitadinho”, apenas querendo partilhar com os leitores estas experiências que, ao fim ao cabo, não deixam de ser interessantes. Servem como exemplo pelo facto de nunca ter sido um aluno brilhante, pelo que até se ajustam em termos de sanção e de justiça.
Sábado, 22 de Novembro de 2008
Matemática e a trigonometria
Eu era um aluno terrível a matemática. Era normal as minhas notas rondarem o zero e qualquer resultado a roçar o medíocre enchia-me de gaúdio. No meio dos números, das equações e das derivadas, havia uma matéria em que conseguia ter nos testes alguns certos incompletos: a trigonometria.
O mais engraçado era que supostamente era a área mais complicada da disciplina. Apesar de nem sequer roçar o razoável, o que é certo é que conseguia pelo menos ver alguma luz no exercício, conseguindo discernir o caminho certo para a solução, muito embora a falta de estudo me impedisse de uma maior ambição.
Lembro-me de um episódio caricato no 11º ano. Nunca fui daqueles alunos nervosos na altura de receber o teste, até porque sabia mais ou menos o que tinha feito. Muito menos na aula de Matemática, em que sabia que ia ter negativa. Uma vez, porém, num dos meus testes terríveis, houve um exercício de trigonometria que ninguém soube resolver...ou quase ninguém!
Pois bem, meus amigos, no meio do meu descalabro, consegui ser o único a ter “certo incompleto” naquele exercício tão atormentador. Lembro-me que incidia sobre uma intersecção de um quadrado com um círculo. Na desgraça, foi este o meu grande momento de glória ao nível da disciplina de matemática.
Quase dez anos volvidos, recordo estes episódios com saudade mas sem nostalgia. Varri completamente a matemática da minha cabeça. Apesar de saber que tudo à minha volta envolve a disciplina, prefiro debruçar-me sobre áreas que realmente me dão prazer. Como disse em posts anteriores citando Eric Cantona, “I study just because I like it”,
Segunda-feira, 27 de Outubro de 2008
Ensino "Versátil" vs Ensino Especializado
Licenciatura, Mestrado, Doutoramento. É esta a sequência lógica de um estudante do ensino superior. Sou, logicamente, apologista de que a especialização é fundamental na medida em que nos transmite mais ensinamentos e nos torna mais capazes naquele tema em que nos formamos. È esse o caminho do mundo em que vivemos!
Admiro as pessoas que investem grande parte do seu tempo na prossecução desses títulos. Contribuem, na realidade, para uma sociedade mais competitiva e mais habilitada para fazer face aos desafios que quotidianamente são propostos.
Todavia, gostaria que fosse dada mais atenção ao outro lado da medalha. Se uns podem enveredar pelo caminho da especialização outros há, porém, que entendem que o seu conhecimento só faz sentido através do ensino de outras matérias, numa espécie de complemento. Não são marrões, craques do estudo, investigadores. São indivíduos que apreciam o saber e que o adquirem quase de uma forma inconsciente, autodidacta, por um gosto estabelecido e que depois, naturalmente, é transposto para a vida prática.
Deste modo, gostava que a oferta relativa a este ensino “versátil” fosse mais frequente, naquele que seria um despertar de consciências para todos aqueles que, sem pensarem, seguem o primeiro quadro. Logicamente que a sociedade teria de saber encaixar e aceitar quem apresenta essas características de conquista de competências, valorizando-as no mundo do trabalho e aproveitando a sua versatilidade e criatividade.
Porque entendo que não é só de grandes estudiosos que o mundo vive. Há sempre espaço para o lampejo de rebeldia, a visão distinta que coloca as situações numa ordem formulada com outros olhos. O não querer estudar, se for uma opção baseada no gosto pelo conhecimento, pode ser uma opção legítima!
Segunda-feira, 29 de Setembro de 2008
A triste Ministra da Educação que temos
Vivemos num mundo cada vez mais competitivo. Na transição entre formação e vida profissional, o jovem já não é mais o cidadão português, é sim um cidadão da Europa e do Mundo, tomando em linha de conta a recente ascensão das potências asiáticas. Pela lógica, até porque não quero politizar este post, pressuponho que o ensino deveria ser mais exigente e selecto, de forma a potenciar o trabalho dos que realmente conseguem ser competitivos e, por outro lado, aproveitar ao máximo aqueles que estão na fronteira entre o sucesso e o insucesso.
Infelizmente nem tudo vai bem em Portugal. A Ministra da Educação, recentemente, anunciou que pretende estabelecer uma taxa de 100% de aprovações no 9º ano num futuro próximo. Sempre ouvi dizer e de facto constatei, ou de facto o mundo gira mesmo ao contrário, que na sociedade existiam individuos mais capazes e outros mais básicos; uns mais inteligentes e com uma velocidade de raciocínio maior e aqueles cuja aprendizagem se faz de modo lento e paciente; uns são mais capazes nas ciências, outros nas letras; uns são mais afectuosos, outros mais insensíveis;
Enfim, todos diferentes mas com iguais oportunidades à nascença. Mesmo assim, a Ministra da Educação pretende estabelecer padrões entre todos, numa lógica de tornar competitiva a formação dos jovens portugueses. Para a Ministra da Educação das duas uma: ou vivemos numa utopia em que todos ululamos em cima de nenufares ou, de facto, somos um país de parvos em que podemos atirar areia para cima dos olhos dos outros.
E tudo correrá bem, tal como um belo passeio de final de tarde. Se não formos competitivos, pelo menos vamos parecer. È a isto que chamam de “novas oportunidades”. E já agora, Sra.Ministra, pense também nas aulas de substituição, um tema que o seu Governo estabelece como extremamente pertinente. Não será melhor definir um sistema de avaliação rigorosa dos professores e um projecto de aulas extracurriculares integrado entre todos os escalões de ensino?
Eu acredito que sim. Numa visão global, misturando famílias, colectividade e escola, a troca de informação poderia ser fundamental para o desenvolvimento harmonioso do aluno. No entanto, pelos vistos a Sra.Ministra não concorda comigo. È bem melhor termos os resultados no papel. Depois toca a meter a cabeça na areia como a avestruz!