Lembram-se do desastre de Entre – os – Rios? No meio dos inúmeros directos e entrevistas de rua, houve uma que me chamou a particular atenção. E inclusive me fez chorar de rir! Na altura os mergulhadores tentavam vencer as terríveis correntes para pesquisarem no interior do rio a existência de algum vestígio dos cadáveres e do autocarro.
“Isto é simples”, gritou um idoso a plenos pulmões. “Põe-se uma poita de um lado, outra do outro e os mergulhadores só têm de mergulhar no meio”, exclamou.
Dizem que no meio da tragédia há sempre espaço para a gargalhada. Eu refino mais este provérbio. Na minha opinião nestes momentos aparece do nada alguém pronto a furar o protocolo. A tornar o mundo mais redondo. Um verdadeiro laivo de portuguesismo na senda da visão desmedida dos Descobrimentos. Eu tenho sede deste tipo de personagens!
Dou por mim a imaginar um acidente na Red Bull Air Race. Um dos pilotos calcula mal o suporte do seu corpo à Força G, desmaia, e o avião choca violentamente contra uma multidão. É a catástrofe! Feridos de natureza vária, mortos, plano de contingência imediatamente accionado. Levantam-se as vozes críticas contra este tipo de espectáculo. Riem os cépticos, lançam-se ondas de solidariedade por todas as ruas e viela. No entanto, no meio de todo este cenário, uma personagem resiste agora e sempre ao invasor:
“Isto era fácil. Fazia-se como na Fórmula 1. Pneus de borracha na margem, carago!!!”