A repartição está cheia de gente que tudo diz mas nada sente. A partir do momento em que começamos a fazer parte da papelada, e temos as credenciais e as avenças como nossas irmãs, toda a nossa família se torna burocrática. Amanhã os anexos não podem chegar tarde à escola. No Natal, as directivas levam as mal se não lhes levarmos um belo naco de bolo rei. E a constituição, o que dizer da constituição? Está tão velha que o melhor mesmo é não a levar a sério.
Somos um filme de Charles Chaplin. Ainda vibramos com os acordes do Led Zeppelin e estranhamos a agressividade do Kusturica. São Pedro ri e chora às bandeiras despregadas. A sala, escura e etiquetada pelos tiquetes, é indiferente a tudo isso.O estado de tempo é um produto da sociedade cosmopolita. Modernices bah!
Esta estrada faz-se em montanhas de mecânica, elos conectos e dispersos até tudo fazer sentido. Na repartição tudo é um nirvana. Estamos no intermédio da nossa existência terrestre e dos seus compêndios e do requerimento da vontade dos deuses. Aqui nada se sente com fôlego cheio. É simplesmente um suspiro. Porque ninguém sonha ser profissional de repartição de finanças.