Contra o orgilho gay. E explico porquê.
“A Elisabete é a menina gorda lá da escola. Pesa 100 kg. Mas a gordura não lhe retirou inteligência. Foi a primeira a tirar a carta. A celulite nas pernas faz o corpo balançar nas curvas mas um cinto bem apertado faz milagres. Elisabete não tremeu perante o olhar ameaçador do instrutor. Aprovação na teoria, êxito na prática!
Tenrinha como os nacos do seu corpo, Elisabete ganhou algum protagonismo no seio das suas amigas. Pensava ela não precisar mais de ser gótica como as modas dos Within Temptation. E no sábado lá foram elas à discoteca. A esperança é a última morrer mas a facada dada quando a porta do carro se fechou foi de tal modo violenta que o sangue voltou invisível aos poros da baleia. Os rapazes até a achavam porreira mas preferiam dormir com a Susana, que tem uma cabeça e uma vagina igual a um alguidar de barro. Ou mandar mensagens à Raquel, que tem uns lábios carnudos e uma silhueta nadegal que choca ao som da bateria. Elisabete, tal como todas as noites góticas, ficava apedrejada no seu canto, sorrindo de copo e cigarro na mão enquanto contava os segundos para o regresso a casa e às suas histórias.
O mundo não pode ser injusto. Tinha de ser encontrada uma solução. Elisabete decidiu tornar-se lésbica. E toda a gente, desde os primórdios da primária, lhe dava atenção e carinho. Que corajosa era ao enfrentar males e medos ancestrais. Preconceitos da sociedade. De bombo da festa passou a foco central das fotografias. E conheceu a Madalena. Flash aqui, flash ali, eram convidadas para todas as festas. Tornaram-se confidentes de meio mundo, as amigas predilectas, o telefone atento nas noites de desnorte. A bem ver, só faltava uma peça. A partir daí Elisabete tornou-se feliz para sempre.”
Meus amigos, na minha opinião todas os cuidados são poucos quando nos referimos ao orgulho gay. Porque para mim há muitos homossexuais convertidos que mais não são do que profundos casos de desespero. Por isso, sou totalmente contra o orgulho gay. Mais ainda, sou contra a sua actual visão de que ser gay pode ser “cool”. É uma chancela que não pode existir, porque pode representar um escape, uma fuga a situações de desequilíbrio social. Acreditem, eu saio à noite e deparo-me com situações gritantes. Pessoas que sofrem na calada por causa do seu aspecto físico, de silhuetas assimétricas ou de hipersensibilidade jucosa. Um bocadinho aqui, um comentário acolá e já diz o povo que água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
A criação do orgulho gay, por outro lado, faz com que os homossexuais se auto – discriminem. Por ventura alguém os está a discriminar? Devemos acreditar que não, até porque a homossexualidade é uma orientação conhecida, e não excêntrica, para a maior parte das pessoas. Criar pequenos lobbies – como os bares ou as marchas – origina um preconceito auto – induzido, mesmo que o mesmo seja inconsciente. Ser gay não pode ser um privilégio, um sinónimo de orgulho. Tem de ser algo de natural, respeitável como a orientação sexual de cada um. Sim, eu sou a favor dos casamentos dos homossexuais. Ou melhor é um assunto que me é absolutamente indiferente. A homossexualidade é simplesmente uma orientação sexual, não um modo de vida. Nestas coisas sou como o Saramago em relação à Bíblia, limito-me a ver as coisas como elas são. Mas, como diz o Bruno Aleixo, muita “cautela”. Há muita patologia por esses lados.