Quinta-feira, 19 de Novembro de 2009
As gorjetas do Canadá

 

Não suporto individuos que se fazem às gorjetas. E acho que o fenómeno não é cultural. É uma questão de bom –senso, cuja resposta provém da nossa consciência e não dos ditames de qualquer sociedade. Dar uma gorjeta representa para mim o mesmo que cuspir para o chão. Não dou nem suportaria receber.
No momento da realização do trabalho, o indivíduo tem duas opções: bom ou mau profissional. Se é bom corre o risco de ser recompensado suplementarmente pelas suas acções; se é mau sujeita-se ao que há, sendo que este comportamento não é censurável. São opções.
Em Vancouver tive duas situações curiosas. Na primeira delas, no restaurante do Stanley Park, o empregado revelou-se exageradamente simpático. Perguntou-me de onde eu era, disse-me que sabia dizer umas palavras em português etc. E depois era aborrecido. “O pão do teu hamburguer queres com grão? O bife bem ou mal passado? Aqui tens mais uma sprite, aqui não se passa sede”. O que à partida pode parecer um discurso simpático, eu topava ali uma nítida aproximação à gorjeta choruda do estrangeirolas. Não sei porque mas o tom daquele tipo não me inspirava qualquer tipo de simpatia.
Na altura de pedir a conta, esvaziei todo o meu porta – moedas para a mesa. Disse-lhe que não estava familiarizado com as moedes e pedi para tirar o valor da conta. O tipo lá tirou e ficou a olhar para o resto das moedas com aquele ar de “that’s it???”. Peguei nas moedas espalhadas pelo balcão e fui-me embora. O tipo quase que me esbofeteou com os olhos. Nem me despedi. Eu detesto pessoas artificiais e graxistas. E pouco inteligentes.
Se aqui me armei em justiceiro, no passeio a Victória fui bem mais generoso. O guia, Aubyn, sabia pormenores incriveis da história do Canadá. Respondia a todas as questões com uma enorme clareza, mostrando estar bem documentado em todas as matérias. Fiquei a saber porque motivo era Victoria a capital e não Vancouver, as motivações do arquitecto de Victoria e a conhecer a cidade em todas as suas dimensões. Sem ele me pedir, deixei-lhe 20 dólares no final. Há gente que merece a minha generosidade. Adoro gente inteligente e culta.


publicado por Gil Nunes às 15:39
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