Quinta-feira, 16 de Abril de 2009
Noites de Wroclaw - A dança dos bracinhos

 

As duas noites de Wroclaw foram repletas de animação. Na sexta-feira deslocamo-nos ao “Kalamour”, um bar alternativo que certamente pessoas como o Sami iriam adorar. Nestes sítios, o meu visual latino fica muito deslocado no meio de brincos, piercings e pessoal marado da cabeça. No meio da cerveja lá conheço o maior pintor da Polónia. Sim, porque a minha veia jornalística fez-me cruzar a informação e confirmar aquilo que me estava a ser dito com insistência.
 
E no meio da animação conheço também uma rapariga baixinha bem constituída. O meu “timing” de ataque, mais uma vez, não foi certeiro e deixei-me antecipar por outro indivíduo. Fair-play reconhecido, virei-me para outras conquistas e cedo me deparei com outra rapariga, estava mais eslava, que no meu polaco arcaico percebi ser de Jelenia Gora (uma localidade fronteiriça com a Alemanha). Tinha mau hálito, senti logo. Apesar das curvas eslavas não serem dignas de nenhum quadro do pintor polaco, o que é certo é que conseguia ser aprovada na minha escala de exigência. Eu e o meu amigo ficamos a conversar com ela, até que a conversa fica animada e o pintor decide fazer das suas:

“Assim não pode ser, vamos deitar a moeda ao ar para desempatar”. Escolhi coroa e perdi. Se querem que vos diga nem fiquei muito chateado até porque já me sentia cansado. O meu amigo lá se empandeirou e eu, virando costas, não consegui obter novos pontos de interesse naquela noite. Acabei na mesa do bar a falar com um polaco sobre a instabilidade de exibições do Lucho Gonzalez na selecção argentina e no Porto (o tipo era fanático por futebol) e com o grande pintor polaco, que toda a gente olhava e me dizia que estava a ter uma oportunidade única de convivência.
 
O segundo dia trouxe mais animação. Ainda fomos ao “Capdefora”, onde travei conhecimento com uma rapariga que tinha estado em Peniche. Porém, o ambiente estava murcho e seguimos logo de seguida para o mítico “Mañana”. A festa estava de arromba, muito embora a música latina não fosse a mais apelativa. Foi aí que conheci a Karolyna, estudante de filosofia na universidade da cidade. Na Polónia, para se meter conversa com alguém, é muito fácil. Basta dizermos a baboseira mais estúpida que nos ocorrer que não há qualquer problema de rejeição. Eu, com o meu polaco arcaico, perguntei-lhe se me ensinava a dançar.
 
“Mas tu não és o espanhol, tu é que nos devias ensinar!””
 
“Isso são os espanhóis, eu sou português”
 
Então ela lá me ensinou a “dança dos bracinhos”, adequada ao facto do “Mañana” estar repleto e só podermos mexer os membros superiores. Posso dizer que me adaptei muito bem a este caldo cultural eslavo, tendo obtido bons resultados. A única circunstância que não me agradava era o facto de Karolyna ter um aspecto tipicamente latino: era morena, baixa, com cabelo encaracolado. Digamos que quando me desloco à Polónia estou à espera de jurek e não de caldo verde mas, paciência, são as consequências da globalização.
 
Nos próximos posts contarei a continuação desta aventura por terras de Miescko I, desta vez metendo sapatos pelo meio. Esperem para ver! Bizukae!

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publicado por Gil Nunes às 11:31
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Sábado, 5 de Julho de 2008
"Mr.Pawel, I presume" e "Soraya"

"Mr.Pawel, I Presume"

 

Tinha um cabelo castanho tão liso, mas tão liso, que parecia ter recebido a brilhantina mais poderosa do mundo. Com uma calças impecavelmente vincadas e uns sapatos engraxados até ao limite, Mr.Pawel coloria toda a sua indumentária com uma brutal t-shirt rosa-choque.

 

Era assim, pelos vistos, a moda na Polónia e a vida de Pawel, um pitoresco funcionário da Hestia, uma companhia de seguros onde me desloquei com o meu amigo Nuno Bezelga, a fim de este resolver alguns problemas pendentes relacionados com a sua viatura.

 

Na empresa, situada numa zona empresarial de Gliwice, o Sr. Pawel impressionava também pelas suas dificuldades em se expressar em inglês. Apesar do seu emperramento, havia uma palavra que ele dominava na perfeição: "insurance" dizia ele, com uma convicção que nos esbofeteava mais veementemente que a sua própria t-shirt rosa-choque. E passo a exemplificar:

 

"You.........(30 segundos)......................must....................(30 segundos).............do insurance!".

 

Para terem uma real noção da expressividade de Mr.Pawel, imaginem, durante as pausas, um olhar para o profundo infinito e um gesticular de braços igual ao de um maestro em plena actuação no Coliseu.

 

"Portugal............(30 segundos)............other.............................(30 segundos)...do insurance!"

 

"Poland......(30 segundos)...............no valid insurance(30 segundos).................Portugal insurance!".

 

 

"Soraya"

 

Para um estranho, as cidades podem parecer redomas de um mesmo labirinto que nos levam a flashes momentâneos de memória. No meu primeiro dia na Polónia, visitei Auschwitz. Levaram-me até à estação e posteriormente apanhei um shuttle até ao antigo campo de concentração. Depois da visita, parei no aeroporto de Balice a fim de alugar um carro.

 

E aqui vou eu de Ford Fiesta de Krakow até Gliwice. Segui as primeiras indicações anotadas num papel mas, em plena A4, um desvio motivado por obras. Começo a dizer mal da minha vida e mais atrapalhado da vida fico quando me deparo com um placard electrónico a dizer "Ruda Slomska". Com os meus botões, começo a tirar as primeiras hipóteses de resposta: "deverá querer dizer circule devagar", penso eu, reduzindo a minha marcha.

 

Gerei uma pequena fila de carros atrás de mim, chegando á conclusão pouco tempo depois que, de facto, Ruda Slomska era o nome de uma pequena localidade para onde se devia fazer o desvio para chegar a Gliwice. Num desconhecido, lá continuei a minha marcha até chegar ao meu destino.

 

Em Gliwice, as pessoas a quem perguntei direcções não falam ingles. Perguntava-lhes onde era Kozielska(a rua pretendida) e logo me aparecia tilintando as ouvidos um discurso polaco imperceptível. O que fazer, pensei eu, não querendo telefonar para não dar parte de fraco, até porque tinha garantido que chegava a casa sozinho.

 

Comecei a circundar a cidade em busca de pontos familiares. No centro da cidade de Gliwice, existe um mega outdoor com uma modelo muito atraente chamada "Soraya". E, para terem uma noção, o outdoor é tão grande que se vê noutros pontos da cidade. Sabendo eu que para chegar a Kozielska tinha de passar ao lado do outdoor, calcorreei todos os trilhos de estrada possíveis em busca da Soraya, a luz daquela cidade que me guiou a casa.

 

Neste aspecto, os polacos estão definitivamente uns passos à nossa frente. Andamos nós, com ideias seculares, a guiar o nosso rumo pelo Farol de Leça quando na realidade um mega- outdoor com uma top model podia perfeitamente servir de orientador para os nossos perdidos!Viva a santa Soraya, protectora dos forasteiros

 

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publicado por Gil Nunes às 13:10
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Domingo, 11 de Maio de 2008
Jurek e algumas palavras polacas

Ainda no rescaldo das inesquecíveis férias na Polónia(obrigado amigo Nuno Bezelga por toda a hospitalidade), quero partilhar com vocês um excelente prato que tive o prazer de experimentar.

 

A Jurek é uma sopa tradicional polaca constituída por um mega-pão moldado em forma de mini-caldeirão. Depois de comermos o pequeno tacho, descobrirmos no seu interior um caldo com pequenos nacos de carne, verdura e alguns condimentos. O truque para que a nossa Jurek fique mais suculenta passa por molharmos o miolo do pão, que se encontra no seu interior, e mistura-lo com o caldo, fazendo assim uma espécie de sopa sólida.

 

Sou apologista que conhecer um novo país é também sinónimo de entrarmos sem receio nos seus costumes culinários. Apesar de ser um pouco condimentada, a comida polaca tem traços de gosto e de requinte, sofrendo influências de vários países que estão à sua volta. Além da Jurek, recomendo também o Strogonoff de carne. É uma espécie de tapas de carne de vaca, envoltas num molho extremamente acetinado. Acompanhado por batatas assados, posso dizer que é um belo jantar!

 

Mudando de assunto, na Polónia é muito dificil encontrarmos, no cidadão comum, alguém que fale fluentemente inglês. Deste modo, para nos desenrascarmos, é necessário aprender algumas palavras básicas para podermos comunicar. É claro que não podemos deixar de parte a destreza na linguagem gestual. Aqui ficam, de seguida,algumas palavras que aprendi. Peço que não levem a sério a forma como estão escritas, pois apenas vou ter interpretar a sua sonoridade:

 

Djin Dobre- Bom Dia;

Dobi Sagna- Adeus;

Pro Proche- Por Favor;

Jancuia- Obrigado;

Jancuia Varzo- Muito Obrigado;

Tak-Sim;

Niet- Não;

Levo- Esquerda;

Pravo- Direita;

Prosto- Em Frente;

Rasunia- Percebi;

Niet Rasunia- Não percebi;

Iac Movie Maoe Popolsko- Eu falo um pouco de polaco;

Perón- Linha

Maoe- Pouco

Varzo- Muito

 

Outros aspectos interessantes prendem-se com a forma como lemos os nomes das cidades.

 

Kraków lê-se "Krakuf"

Lodz lê-se "Utche"

Wroclaw lê-se "Brotssuava"

Nysa lê-se "Nissa"

 

 

 

 

 


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publicado por Gil Nunes às 14:35
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