Quarta-feira, 17 de Março de 2010
A TAP
É uma companhia aérea que todos os anos apresenta contas de prejuízo. A TAP, por outro lado, é reconhecida e louvada pela qualidade dos seus profissionais e pelo óptimo serviço prestado aos seus clientes. Como tal, há algo de errado nesta equação.
Na minha opinião a TAP não poderá subsistir como empresa pública. Está visto que não há solução possível, por muito bons que sejam os gestores, as optimizações de custo e de pessoal. Para mim, a resolução deste problema aparece, em primeira mão, pelo cancelamento do projecto do TGV. A prioridade no transporte de passageiros deve ser aérea, e há potencialidades para isso através da criação de bases aéreas por todo o país, e não pelos carris, mais direccionado para o transporte de mercadorias.
A TAP só poderá ser viável através de um modelo público – privado de exploração de “low costs” de Portugal e Espanha. Mudando as suas rotas preferencialmente para destinos de curta duração, a frota da TAP deverá ser mais económica, aproveitando-se as necessidades de deslocação dos responsáveis das pequenas e medias empresas, que naturalmente tem conexões privilegiadas com Espanha. Para o alto empresário, mantêm-se as ligações mais longas com as grandes capitais europeias(e países de expressão portuguesa), escolhidas de acordo com o seu tráfego habitual.
Para que isto se torne viável, a TAP deve encetar uma política de captação de investimento nos dois países, que aposte em construir definitivamente a rede de “low cost ibérica”. Naturalmente que a presença de capital espanhol seria importante e o papel dos Governos teria de servir como intermediário. É claro que ainda existem muitas variáveis a ter em conta, e o estudo deverá ser aprofundado, mas na minha óptica só através de um modelo do género poderemos salvar a TAP e também melhorar o transporte aéreo.
Sábado, 12 de Setembro de 2009
Justificação de voto e governantes estrangeiros
Não me conformo com o actual estado da democracia. Ou se quiserem com o próprio conceito de democracia. Acho que é algo de muito incompleto, que não se encaixa nas características deste país e das pessoas em particular.
Votar é algo de extrema responsabilidade. Confere ao votante a possibilidade de escolher um determinado projecto político para gerir a vida de um determinado conjunto de pessoas. É um pensamento digno, registe-se. Mas ao mesmo tempo extremamente irresponsável. Será que toda a gente que vota sabe o que está a fazer?
Eu julgo que não e indicadores como o facto da revista “Maria” ser a mais lida em Portugal reforçam o meu argumento. Faço entrevistas de rua, contacto com as pessoas. A maior parte delas não sabe definir os princípios do comunismo, do liberalismo, da economia de mercado. Mas exercem o seu direito de voto, tal e qual como outra devidamente especializada no assunto.
Extremista? Não me considero. Porque ao definir habilitações a uns no acto do voto estou a ajudar todos aqueles não estão preparados. Sem lhes tirar o chão dos pés. Dando-lhes novas oportunidades de se formarem e adquirirem competências. Eu defendo a justificação do voto.
Um pequeno teste de ciência política, algo de muito simples mas que possa dar um real direito ao votante. Um escrutínio obrigatório em que a participação de todos pode de facto ajudar a comunidade. Uma medida feita em prol daqueles que não entendem o fenómeno e que assim podem ser ajudados para que também eles, no futuro, possam participar na hora da decisão.
A esta medida acrescento a nomeação de governantes estrangeiros. Com os portugueses a não darem respostas válidas, e ainda por cima a decidirem sobre o espectro emotivo, porque não chamar políticos com provas dadas noutros países para aqui virem replicar o seu modelo de desenvolvimento? Penso que seria uma medida sensata, com pernas para andar, e que contribuiria por certo para uma troca de experiências benéficas entre todos. Ao contrário do que possa parecer, penso que seria mesmo um grande reforço do nacionalismo. Ao fim ao cabo, somos do tamanho dos que nos rodeiam!
Segunda-feira, 7 de Setembro de 2009
Pensamento Circular (Político)
Li uma vez que a maior parte das pessoas pensa nas coisas em linha recta. Nesta definição os opostos tendem a afastar-se, com as extremidades a não terem pontos em comum umas com as outras.
Eu acho que em certas circunstâncias o pensamento circular é o mais adequado. È a tal questão da direcção e do sentido: a direcção até que pode ser a mesma mas o sentido pode ditar opiniões contrárias. O que determina o diferente sentido é a questão da premissa inicial.
Penso nestes aspectos enquanto observo o debate entre Manuela Ferreira Leite e Francisco Louçã. Enquanto que a líder do PSD ressalva o estatuto de família, o bloquista responde com a importância da liberdade acima de todos os valores; Manuela Ferreira Leite argumenta que a conjugação do privado com o sector público é a chave da saúde; Louça diz que não, só o público dá garantias de alta qualidade e combate à especulação médica; e por aí adiante…
Tão diferentes, tão iguais. Gostaria de estabelecer este exemplo com Paulo Portas, pois seria o mais adequado. Uma simples premissa inicial que faz com que todo o pensamento sincronizado posterior se espalhe em sentidos opostos.
Ou seja:
Para a esquerda política:
“Todo o homem é bom por natureza. As instituições que o rodeiam corrompem-no”
Para a direita política:
“O homem é imperfeito. As instituições servem para a sociedade se ordenar”
Faz-me lembrar aquele filme em que se mudássemos um episódio da nossa vida tudo ficaria diferente. De facto é um pouco assim. Seja como for, este raciocínio vem na minha linha de pensamento que são as pessoas que definem o sistema política acima dos governantes. Todos queremos uma sociedade mais justa, mais equilibrada e mais sensata. Optamos é por caminhos diferentes. No meu caso opto pela premissa de direita, a história ainda não me convenceu do contrário.
Regueifa do Irão – novamente todos os dias, aceitam-se sugestões de temas.
Quinta-feira, 30 de Abril de 2009
Em democracia plena o marketing político não é preciso para nada
Há dias, durante um pequeno passeio na zona ribeirinha, dei-me a falar com algumas pessoas sobre a intervenção de que a rua Álvares Cabral (junto à Câmara Municipal) está a ser alvo, nomeadamente em relação ao projecto de pedonalização.
A pessoa com quem eu estava a falar, numa primeira instância, era a favor. “Achava bem, devia ficar bonito. Sou a favor”, dizia. Eu não quis estar a alongar a conversa até porque não era o meu objectivo. Tudo corria em tons de despedida quando subitamente surge um terceiro elemento à conversa.
“Mas olhe que para se ir para o Colégio agora vai ter de se dar uma volta muito maior. E além de que os cafés ficam prejudicados”. Não quero estar aqui a contestar, refutar, comentar, concordar com o argumento. Atónito fiquei quando a pessoa com quem estava a falar se vira e diz:
“Claro, tem toda a razão. É uma vergonha, é inadmissível. Sou totalmente contra”.
Em menos de 30 segundos, mudança de opinião radical. Sem sequer pensar, indo na onda de outrem, sem qualquer recurso às inúmeras potencialidades que o cérebro humano possui. Não sabendo virtudes, consequências, benefícios…nada!
Estendam este exemplo a todos os outros decorrentes do dia-a-dia. E multipliquem por milhares de pessoas. Com um pouco de abstracção podemos traçar todo um cenário que coloca em causa a legitimidade de acção dos partidos e das suas políticas.
E estas pessoas votam. Têm a imensa responsabilidade de escolherem os seus líderes, elegerem os seus representantes nas diversas formas de poder, de modo quase que aleatória. Depois, o resultado acaba por se tornar fruto da tômbola. Pessoas diferentes, com competências e formações distintas, cujos votos valem o mesmo que outros que não pensam nem têm a mínima consciência daquilo que estão a fazer.
É por aí, a meu ver, que surge o conceito de marketing político. De facto, se atentarmos bem na realidade, podemos ver que apenas 5% da população acompanha e entende o fenómeno político tendo depois, legitimamente, opiniões sadiamente divergentes. No entanto é a “restante” parcela de 95% que define os destinos dos governantes.
E eis que surge o marketing político. Vender um produto à comunidade, sensibilizando-a para um determinado ponto, como se estivéssemos num verdadeiro supermercado global. Não sou contra o marketing político, até porque compreendo o fenómeno e, acreditem, até que considero os políticos os menos culpados de toda a situação. Agora considero, na verdade, que numa sociedade altamente qualificada e plenamente democrática o marketing político não seria preciso para nada. Porque quando se pensa, logo se existe, já diz o Descartes…
Sexta-feira, 23 de Janeiro de 2009
Estratégias / Plataforma mínima de consenso
Num dia em que os holofotes dos media estiveram centrados na eventual falência da Qimonda, julgo serem pertinentes algumas observações. Em primeiro lugar, na minha perspectiva, não é do Governo a culpa pelo descalabro agora acontecido mas o executivo liderado por José Sócrates tem culpas no sentido de não ter, ao longo dos anos, arranjado uma força de captação de investimento capaz de suprir as necessidades dos trabalhadores. Não trabalhariam na Qimonda mas por certo arranjariam trabalho noutra grande empresa fixada em Portugal.
Contudo, este meu desígnio vem ao encontro de uma opinião que tenho dos perigos relativos a uma concentração das exportações nacionais em Espanha e na Alemanha. Se o primeiro dos casos acaba por ser inevitável por questões geográficas, o segundo pode ser perigoso pela, a meu ver, inquietação sobressaltada com que os germânicos têm vivido nos últimos tempos. Prevejo, como já aqui disse, uma quebra do poderio alemão e uma ascensão de novos pólos económicos de desenvolvimento. França e Polónia, num futuro imediato, são aqueles países cuja pujança poderá levar a economia portuguesa a bom porto, fruto de políticas acertadas que, no primeiro caso, permitem o saneamento das contas públicas e, no segundo, uma estrondosa e progressiva captação de investimento.
Assim sendo, impõe-se a criação de uma estratégia de diplomacia económica capaz de promover as potencialidades do nosso território nesses países. Entram em cena as energias renováveis, o turismo e a desburocratização do sistema. Pisca-se o olho ao desenvolvimento nórdico e às suas virtudes, não só como "compradores" mas também, e particularmente neste caso, como exemplo a seguir.
De resto, e num plano interno, exige-se consenso e não divergência. Em Espanha, no princípio deste século, Partido Socialista e Partido Popular souberam encetar um diálogo e uma estratégia de consenso para se definirem, sem hiatos futuros, os grandes investimentos necessários ao país. Umas vezes puxando para um lado, outras vezes para o outro, o que é certo é que se conseguiu deixar o orgulho de lado e estabelecer uma plataforma de entendimento que, por si só, representa um rumo.
Logicamente que nem tudo será perfeito após esse entendimento. Existirão aspectos que ficarão por fazer, medidas que poderiam ter sido realizadas de outra forma. Todavia, acho que mais importante que tudo isso é ter um rumo, algo que Portugal carece de sobremaneira. Imaginemos, no tempo dos Descobrimentos, uma falta de rota e de rumo. É certo que poderíamos, para além do Brasil, ter descoberto a Argentina, o Perú e o Chile. Mas se estivessemos no estado em que estamos nem às Berlengas tteríamos chegado!
Post dedicado à Judite, funcionária da Qimonda cujo dia de hoje não deve ter sido fácil
Quarta-feira, 21 de Janeiro de 2009
21 de Janeiro de 2013
Hoje decidi fazer um pouco de futurologia, incidindo sobre o plano político nacional. A ver vamos se as minhas previsões se concretizam ou não...
21 de Janeiro de 2013. Fruto do empreendedorismo desenvolvido no início do século, a Europa torna definitivamente a leste. É nos corredores de Varsóvia, e na agasalhada agitação de Cracóvia, que se desenha o novo xadrez europeu. E quem fala polaco possui vantagens comparativamente com os demais. Mais para sul, é o surpreendente Chipre quem aproveita a embalagem da União Europeia e, fruto de uma paz conquistada com muito suor e diálogo constante, os seus produtos vão pontificando no xadrez do mercado.
Desentusiasma-se a Alemanha, para quem o futuro pareceu excessivamente risonho e consequência natural da história do país. Trava a Espanha, país que, em plena indefinição política e administrativa, começa em contraciclo a recolher frutos da sua aposta no turismo, na expansão da língua e nas potencialidades da América Latina. É o chamado desenvolvimento mínimo garantido!
Em Portugal, o país prepara-se para atravessar aquilo que os estudiosos já chamam de ciclo habitual. Depois da maioria relativa, José Sócrates perde a sua popularidade de forma gritante. A contestação aumenta nas ruas, o país estagna economicamente e a crise parece ser um hábito, uma triste sina de um país descrente e desmobilizado. Depois do aborto, da regionalização, o tema central é o iberismo. Apesar dos prejuízos históricos daí adjacentes, começa a surgir a ideia de que a perda de independência pode ser um mal menor em comparação com os consequentes atrasos no desenvolvimento do país. Para mais, a recente conquista da organização do Mundial vem tornar este sonho de Saramago numa hipótese viável para muitos (não contem comigo).
A oeste, o governo norte-americano consegue voltar a trilhar os caminhos da era Clinton no estabelecimento de clima de maior paz mundial, apesar das ameaças de Ahmaddinejad motivarem precauções e intervenções constantes do presidente Obama. Apesar do seu carisma inquestionável, a tarefa do primeiro presidente negro foi bem mais complicada. O nível de vida da população americana progride timidamente, receando os mais contestatários que o tão prometido pontapé na crise não surja. Ao demais é o surpreendente Brasil, fruto da aposta na energia aeronáutica, quem começa a deixar para trás o seu ocioso mito maldito e a entrar também na equação que define o terceiro calhau a contar do Sol.
A este, Índia e China continuam com a sua diáspora de intromissão na economia mundial. As vítimas são principalmente os países africanos em desenvolvimento, procurando os orientais que a partir desse ponto possam construir uma economia poderosa e alternativa, em contraponto com a actual economia de mercado. Aos poucos, o mundo ocidental começa a boicotar os seus produtos. Argumenta-se o continuado pisar dos direitos humanos, das condições de trabalho, da qualidade de vida. O estereotipo, apesar de nem sempre ser fidedigno, é um mal necessário!