Paulo Rangel . o PSD e Tracy Chapman
Paulo Rangel é culto. Prático. Tem ideias. Lembro-me de uma vez o ter visto falar sobre o seu livro “O Estado do Estado” numa entrevista dada ao Mário Crespo. Tinha-se lançado há pouco tempo na aventura das Europeias. Em vez de se masturbar mediaticamente, aliás como fazem grande parte dos comentadores da nossa praça, Rangel trocou o livro por miúdos. Teve como principal preocupação explicar as correntes em questão (Marx, Lenine) com simplicidade e clareza, chegando ao telespectador com facilidade. Logo aí gostei dele. Não era como outros que se colocam num pedestal televisivo e, de forma encriptada, pensam que podem dizer os lampejos intelectuais que entenderem que, quando ditos sob a forma de vocabulário difícil, não passam por disparate.
Comecei a ouvi-lo com mais atenção. E dei-lhe o meu voto. Visão europeia integrada mas não megalómana, com propostas muito interessantes ao nível do trabalho, sobretudo. Um novo Erasmus para o primeiro emprego é uma ideia inteligente e versátil, que dinamiza e estimula a educação e a juventude. Contabilidade acessível e transparente, sem rodeios, é uma aposta séria, que chega ao cidadão com facilidade. Eu também assino por baixo. Espero que ele ganhe as directas do PSD e que depois se imponha. Depois que tire do poder aquele tipo que convoca conferências de imprensa para dizer que inventou o “Soft Sense”, e que vai substituir o sabonete tradicional das escolas portuguesas. Enquanto ele empasta as mãos aos microfones da TSF o Joaquim, que vive do rendimento mínimo, liga para a TV Cabo a pedir a Tele Cine. No PSD, entretanto, estão todos preocupados com questões ornitológicas. Para quem não sabe eu votei Paulo Portas nas últimas legislativas.
Um dos principais problemas do PSD depara-se com o chamado “Grupo da Cordinha”. Todos tecem opiniões acerca de todos, deixando-se o essencial de lado. Eu acho muito bem que o melro seja candidato, tem todo o meu apoio, é um homem com um passado político considerável blá, blá, blá. Sabem que mais? I don ‘t give a damn. Estou-me bem nas tintas se o melro apoio a cotovia ou se a avestruz se incomoda com a ascensão do pombo – correio. E propostas sérias para se tirar o “gajo do Soft Sense” do poder? Onde estão? Meus amigos, as do Rangel eu via-as.
Há certas alturas na vida em que o Paulo Rangel passa para segundo lado. Quando aparece boa música, por exemplo. Ainda ontem estava a meditar no café, sem pensamentos na vasilha, quando comecei a atentar no álbum que tocava. Era da Tracy Chapman. Às vezes temos a tendência de chapar os artistas com o primeiro tema que nos é apresentado. Neste caso foi aquela história do “There is fiction in the space between”. Acho uma música muito pastelosa, com um ritmo muito constante. Mas desse álbum tudo é ao contrário. Um cd interessante, versátil, com uma mescla de ritmos não tipicamente norte – americana. Muito porreiro, acreditem. É aquilo que eu chamo de música de “torneira” . A água é formada por várias componentes mas quando abrimos a torneira é apenas água. E desliza bem na garganta, até quando não temos sede. Nessas alturas todos os políticos passam para segundo plano.
Para melhor descrever o pensamento “Marcelo Rebelo de Sousa” convido-vos a verem o filme “O Diabo veste Prada”. Há uma cena em que a Miranda, a dona da revista, vai a uma recepção política e a assistente, a personagem principal, fica encarregue de fixar os nomes de todos os convidados. Dizendo-os em surdina, Miranda desta forma não podia ficar mal.
Imaginemos Marcelo Rebelo de Sousa numa cerimónia, vamos ver, de embaixadores da União Europeia. A partir de tópicos vou tentar transmitir aquilo que me vai na mente e, por outras palavras, dar-vos a conhecer aquilo que eu penso desse “artista”.
1 – Marcelo Rebelo de Sousa coloca-se nas escadas, em posição estratégica para receber os convidados. Propositadamente perto de jornalistas ou indivíduos que supostamente são estupidamente perspicazes. Pensam que perceberam o que se passou por detrás da cortina mas não viram que existe ainda outra cortina por detrás dessa.
2- Chega o primeiro embaixador, Marcelo puxa da palavra “Emba… (que inicia ambas as palavras em português, inglês, espanhol e francês) seguindo-se uma risada abdominal.
A) – Resposta inglesa com “o” transformados em “u” – Hipótese Embaixador do Reino Unido. Questão resolvida.
“For so long my friend, how are you?” pergunta Marcelo.
B) Resposta inglesa com palavras muito lentas- Hipótese qualquer um dos países da Europa de Leste ou Escandinávia. Accionado neurónio do frio.
“This heat is killing us. Isn’t it ahahaha?”, pergunta novamente esperando que um dos embaixadores responda qualquer coisa do género “Aqui não é nada. Em Estocolmo até as tripas nos saltam” para a partir daí accionar o botão “Suécia” e por ai adiante, identificando os outros por exclusão de partes.
C) – Resposta francófona com sonoridade cantada – Hipóteses França, Bélgica, Luxemburgo ou Suiça;
“ Comment t ´allez vous mon ami? Bonne revenues dans votre pays, n’ est pa? – pergunta , porque normalmente este países têm sempre boas notícias, seja do ponto de vista económico, cultural ou social. Se têm más notícias, o que é raro, há sempre qualquer notícia recente mais animadora
E por aí adiante, consoante cada um dos países da União Europeia.
Conclusão dos jornalistas à sua volta e dos indivíduos impressionados com o seu brilhantismo.
“ Este tipo é fabuloso, tem uma cabeça formidável. Conhecia os gajos todos, é incrível. Ele tem uma enciclopédia na cabeça!"
A sério, se não consegui fazer-me explicar, vejam ou recordem o filme!