Nos sábados dos anos 90, com Herman José como principal referência humorística da altura, a RTP emitia o programa Parabéns. Sendo direccionado à família, o programa tinha alguns bons momentos, e lembro-me de alguns convidados em particular. Era preciso ver que nesta altura Herman José tinha alguma piada, apesar de eu nunca ter sido particularmente seu apreciador. Acho que o humor é reflexo da inteligência e quando se recorre ao fácil e brejeiro perde-se o nível e recorre-se ao caminho mais fácil para provocar a gargalhada, motivada pelo choque e não pela criatividade.
Assim sendo, era necessário ter alguma capacidade de filtragem para se suportar o Herman. Lembro-me de uma entrevista por ele dada a RTP 2 em que disse que se fosse noutro país ninguém o suportaria. Eu também acho que sim e, sinceramente, acho que um artista não se faz de fogachos como era o seu caso, mas sim de uma carreira consistente. Apesar de tudo destaco-lhe algumas virtudes como a capacidade de improviso e a versatilidade artística, patente sobretudo ao nível da música e da representação.
Voltando ao "Parabéns" lembro-me de duas entrevistas em particular: uma realizada a Vítor Baía, na altura um guarda-redes em ascensão no F.C.Porto, em que se lembrou de dar o crédito a Artur Jorge por o ter lançado num encontro frente ao Vitória de Guimarães quando apenas tinha 19 anos. Nesse momento, Vítor Baía subiu vários pontos na minha reputação, pela gratidão que demonstrou, na altura em que Artur Jorge era já um nome um tanto ou quanto esquecido.
Outra entrevista que me ficou na memória foi a de Patrícia Tavares. Ganhando algum mediatismo fruto da participação de novelas, a jovem actriz passou todo o tempo da entrevista a rir-se que nem uma menina mimada, com respostas telegráficas e sem qualquer tipo de interesse. A partir desse momento, e até aos nossos dias, não mais conseguiu nutrir simpatia pelo seu trabalho.
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