Tem experiência, muita experiência! É talvez o seu trunfo mais valioso e arma de arremesso para quem o intitula de pouco arrojado. De facto, Jesualdo Ferreira tem nos anos de profissão glórias e derrotas que o fazem ver as prestações da sua equipa de uma forma global, não olhando para o resultado imediato mas sim para o triunfo final.
Lembro-me das suas características quando o observo, sereno e com a palma da mão segurando o queixo, no banco do Estádio da Luz. Qualquer estadia no cinema da Batalha é pura coincidência! Nesse período, é José Gomes quem toma a iniciativa. Gesticula, corrige, incentiva os jogadores. Jesualdo a tudo assiste com a serenidade de um velho das montanhas.
No ano passado, com catorze pontos de vantagem, o mesmo sucedeu frente ao Sporting. Ganhar ou perder no caso pouco importava, até porque Jesualdo não concorre à Copa BES. Na ocasião, retira um dos extremos do onze e coloca Marek Cech, testando quatro homens no centro do terreno, a tal receita necessária para a sua equipa conquistar dimensão europeia. O F.C.Porto falhou e o seu técnico percebeu ainda faltar um longo caminho, como ficou comprovado na partida frente ao Schalke. O F.C.Porto controlou o jogo mas não o dominou. E os alemães, mais toscos e menos compactos, seguiram em frente na prova dos milhões.
Mais do que todos os outros aspectos do jogo, Jesualdo Ferreira sabe que o jogo frente ao Benfica pouco lhe interessa em termos pontuais. São mais três pontos, por acaso o adversário é o rival de sempre. Na sua sabedoria acumulada, sabe que os campeonatos se ganham frente ao Trofense, Leixões, Paços de Ferreira ou Rio Ave. Ai é que a máquina não pode falhar! Obrigatório ganhar!
E a sineta tocou em Vila do Conde. Entrando de forma amorfa no jogo, os dragões poucas oportunidades construíram na primeira metade, deixando o cronómetro caminhar por si em vez de fazerem o contrário. A trinta minutos do apito final, Jesualdo Ferreira aposta no ataque, pois sabe que os três pontos são essenciais, mais importantes que aqueles em disputa frente ao Benfica. Criando oportunidades para tal, a equipa não encontrou argumentos para chegar ao golo, chegando ao final do jogo com a sensação de frustação. Afinal, três pontos são três pontos!
Para a semana venha o Paços de Ferreira! Calculo que Jesualdo olhe para esta partida como uma das mais importantes da época. Vencer e convencer, para se adquirir novamente um hábito de regularidade, segredo da melhor equipa portuguesa dos últimos anos. O Arsenal e o Sporting depois logo se vêem…