Qual é o melhor sentimento do mundo? A pergunta é pertinente e as hipóteses de resposta são extensas. Divagando, os mais românticos podem dizer que é o amor, os mais calmos a tranquilidade e os mais competitivos a vitória.
Penso neste tema e lembro-me de uma entrevista de Pedro Abrunhosa. Dizia ele, há uns anos atrás, que um dos seus melhores despertares acontecera no meio da terra suja e pegajosa. Se para uns tal cenário pode ser sinónimo de desconforto, o músico explicou que a premissa de sujidade lhe permitiu conhecer verdadeiramente qual o sentimento de “limpo”.
Achei este pormenor fantástico. Todavia, a minha escolha é outra. Para mim, o melhor sentimento do mundo é o alívio. Imaginem o que é ter um peso constantemente a perturbar a mente e o espírito. Algo que nos condiciona as acções como se de um fantasma se tratasse. Pior do que isso é o facto de nada podermos fazer para contornar o problema. Apenas esperar…
Até que surge a solução! E tudo não passou de um susto. O medo e o receio fazem agora parte do baú, gerando um sorriso infantil de cada vez que nos lembramos deles. No momento de alívio, é como se uma ventania invisível nos penetrasse da cabeça aos pés originando uma galopante sensação de liberdade. E nesse pequeno instante somos totalmente sinceros!
Alongando-me mais, e pelo que vejo através do processo de observação, muitas pessoas à minha volta definem o alívio encapuçado nas definições de amor, tranquilidade, harmonia e crença. Às vezes parecem apaixonados, mas de facto estão é aliviados por se terem visto livres da solidão! Hão-de reparar!
O alívio é, para mim, um sentimento que se pode mascarar muito embora a sua génese seja de uma autenticidade absolutamente indesmentível. Numa sociedade repleta de agonia, pugnemos por um alívio que traga a verdadeira felicidade e paz de espírito a todos.