Ainda não tenho idade para calcorrear as ruas, como vim a fazer anos depois em muitos outros locais do mundo. Aqui cheguei depois de uma viagem muito arenosa, com pouco verdura, que não consigo descrever como bonita. Há sítios do planeta que por muito que nos esforcemos não temos a capacidade de os transformar. Apenas na cultura com o homem, errante, a dizer o que a Natureza silencia.
A praça está cheia de homens de pijamas brancos, que na minha inocência penso ser a moda cá da zona. A sineta toca cinco vezes por dia e os ditos cujos vão até uns prédios esquisitos levantar o rabiote. Antes, porém, lavam os pés com muito vigor. Fazem uma fila e os seguintes lavam-se na água suja do parceiro anterior. Pouco interessa. Dizem que é purificada.
Está sol. A praia está deserta e alguém escreveu o teu nome em toda a parte. A bordo das palavras guiemo-nos até Lisboa, cidade de paredes pintadas com dizeres revolucionários sem sentido. As vendedeiras fazem o seu trabalho no mercado, com os pregões a captarem clientes que se esgrimam pelo melhor pedaço de fruta, carne suculenta ou simplesmente para queimar um pouco mais a pele enquanto se comem umas tâmaras.
Não fosse eu a minha figura futura e teria de haver aqui história, episódio, segmento!
“Eu calço 39 patroa. Deixe-me ver se estes servem”
Ahmed(nome ficticio) leva à boca as dentaduras colocadas no mercado. Quer ficar bonito para o encontro com Al – Jalula. Aquele modelo não serve. Voltando a pousar, Ahmed dá o toque a Abdullah. Afinal ele é que calça o 40 e até tem os molares rebaixados. E Abdullah experimenta. Serve!