Anthímio de Azevedo é um dos homens que mais aprecio na televisão. Geralmente paro tudo o que estou a fazer para o ouvir. Para já não é um comentador masturbador. Filtra os seus amplos conhecimentos numa linguagem acessível e tudo se torna melodioso. Percebemos o que são anticiclones, as influências que provocam e a relação com a história da terra e da humanidade como se estivéssemos a falar de futebol ou de novelas.
Aquele cientista, que sempre admirei, deu recentemente uma entrevista na SIC a propósito do temporal da Madeira. Explicava ele que a Terra é um organismo que se gere por regras de equilíbrio. Lembrei-me do “Avatar” e de uma cena em particular, em que se explica que toda a energia que possuímos foi-nos emprestada pela Natureza, a quem teremos de a devolver um dia. Deste modo, se não existissem os sismos a Terra explodiria. E, explicava ele, os sismos têm ocorridos numa espécie de ondas horizontais a partir do mar Mediterrâneo.
Fiquei a saber também que o efeito do homem tem uma importância relativa no clima. Mais importante do que isso são os conceitos de “moderado” e “extremo”. Nos últimos anos habituamo-nos a estar na linha do moderado, o que não provoca grandes desequilíbrios climatéricos. Agora, contudo, estamos a passar para a linha de extremo, o que significa que as intempéries vão ser mais comuns. Por miúdos, é como se estivéssemos a levar com a fava para que outros possam agora ter temperaturas mais amenas e tranquilas. Equilíbrio.
E uma data de coisas mais: a variação dos ventos, a importância da precipitação e das correntes marítimas, a morfologia dos terrenos. Em dez minutos Anthímio de Azevedo consigo transmitir algo de complexo em palavras simples e contagiantes. É por isso que eu não dispenso as suas análises.