Sábado, 17 de Março de 2007
O 2º Conto
O segundo conto da série "Há água em Marte" já está concluído. Chama-se "Amo-te num saco de cimento".

Deixo-vos a frase introdutória:

“No meu longínquo 7º ano, já lá vão mais de dez anos, um amigo meu, naquelas brincadeiras estúpidas de quem nada quer da vida, conseguiu colar uma pastilha elástica no tecto do 2º piso da escola onde andava
Seria muito fácil retirá-la. Porém, a pastilha elástica continua lá.”


publicado por Gil Nunes às 16:04
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Uma observação
Estou de momento num café da cidade do Porto e à minha frente estão sentados alguns estudantes de economia que se divertem a analisar sites de aposta de bolsas. O seu português apresenta dois tons completamente distintos: umas palavras são ditas com tom absolutamente corriqueiro. Outras, porém, recebem um ênfase meteórico. Estamos a falar de "NAAAAASSDAQ!" "SSPPRREAD!" ou "SÓOONAAE". E até são ditas em voz ligeiramente mais alta. Espantoso!


publicado por Gil Nunes às 16:03
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"O último rei da Escócia"
Vi hoje o filme "O Último Rei da Escócia". Sinceramente gostei, sobretudo pela forma como se analisa a questão do poder pelo ponto de vista de um tirano. Ao ver todo o período em que Idi Amin governou os destinos do Uganda, fica no ar uma questão. O que leva uma pessoa a fazer semelhantes atrocidades aos outros, o que leva alguém a mandar executar 300 mil pessoas. Serão valores ou razões levadas ao extremo? Será loucura, podridão de espírito?
Sejamos ecuménicos e transindividuais. Respeitemos a palavra e as convicções alheias e que se respeitem as lideranças. Mas o que se passa em África afinal? Será que faltam mentes ou faltam vontades? Da mesma forma se responde a esta questão quando se chega à conclusão que potencial não é igual a rendimento quando o cérebro não é preciso


publicado por Gil Nunes às 15:58
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Quinta-feira, 15 de Março de 2007
Entrevista a John Gray, pensador britânico
Este é um livro perturbador sobre a Humanidade e a sua relação com o Mundo. Qual é a sua mensagem principal?

- O livro opõe-se à ideia de mensagem. Um dos seus temas é que qualquer tipo de credo missionário, seja ele religioso ou político, é perigoso e desnecessário. O livro não visa persuadir. Isso é demasiado semelhante à pregação, que visa converter, e eu oponho-me a qualquer tipo de conversão.

Nesse aspecto espero ter algo em comum com Fernando Pessoa (citado no livro), que também odiava os credos missionários.

Sim, mas desafia as nossas convicções mais arreigadas...

- Tem razão, há uma mensagem. Digo que os seres humanos são animais como os outros, mas mais criativos, imperfeitos e destruidores. E isso resulta apenas do acaso. Certas filosofias e religiões têm exagerado as diferenças. Há uma ideia perene no Ocidente de que os seres humanos são os únicos animais capazes de controlar as próprias vidas.

Rejeito essa ideia e ainda que as nossas vidas são uma espécie de progressão. Não dou receitas. Tento só recuperar a ideia de que a vida humana pode ser plena sem a acção. A vida pode ser uma forma de olhar, à maneira de Alberto Caeiro ou Álvaro de Campos. Esta é, hoje, uma ideia subversiva, pois adoptámos a visão de que a vida adquire sentido sobretudo quando procuramos mudar o Mundo.

Retrata o Homem como uma espécie de vírus e afirma que não vale a pena preservar a espécie humana. Isso é a sério?

- O progresso humano foi sempre acompanhado de alguma forma de destruição. Mas os seres humanos são o que são e caso se extingam não é por decidirem extinguir-se...

O que é perturbador é não encarar a extinção como uma tragédia.

- A acontecer, não creio que o fosse. Discordo das visões humanistas, de cariz religioso. Isto é, se não formos religiosos, se não acreditarmos que os seres humanos possuem algo de único, por que razão seria uma tragédia?

Por não podermos importar-nos com um Mundo sem humanos...

- Ou seja, porque somos humanos e não ficamos indiferentes ao nosso bem-estar e ao dos outros seres humanos. Mas acabaremos por nos extinguir, como qualquer outra espécie, só que isso pode ser antecipado por processos desencadeados por nós. A questão é que criámos processos destruidores que não podem ser controlados.

Por isso é crítico do ambientalismo?

- Compreendo as ideias dos Verdes, mas a minha perspectiva diverge. A população mundial está em crescimento acelerado. Isso pode ser controlado. Já a ideia de parar o aquecimento global é uma fantasia.

Temos de pensar em paliativos que permitam uma qualidade de vida razoável. Isso significa alta tecnologia, até mesmo perigosa, como o nuclear ou os organismos geneticamente modificados. A Terra não é capaz de sustentar milhares de milhões de seres humanos à base de agricultura biológica e energias alternativas...

Acresce, como refere, que somos inerentemente destrutívos...

- Sim, já hoje os seres humanos fazem guerra pelos recursos que restam, especialmente o petróleo.

Por isso diz que no futuro haverá “guerras de escassez”?

- A Guerra do Golfo foi já desse tipo. Ninguém fingiu que era pela democracia ou contra o terrorismo. Mas um dos factores essenciais (para a sobrevivência humana) seria a redução da população mundial, o que está a acontecer em muitos países. Não vejo isso como um risco, mas como uma solução.

E a força produtiva?

- Precisamos mesmo disso? As pessoas querem menos filhos, qual é o problema?

Tem filhos?

- Isso é comigo. Não vejo necessidade de aumentar o número de seres humanos para fins de produção, é para isso que serve a tecnologia. Veja-se o exemplo do Japão. Se pudéssemos evitar catástrofes, resultantes de guerras ou alterações climáticas, a velocidade do crescimento populacional baixaria.

Defendeu em 2004 que os EUA perderam o interesse na globalização, mas continuamos a considerá-la um processo inevitável.

- E é. O que disse é que os EUA passaram a agir defensivamente, porque a globalização deixou de ser um projecto ocidental. A China tem hoje mais influência, e interesse, na globalização do que os EUA. Discordo de Verdes e anticapitalistas que desejam reverter o processo. Isso é impossível.

Mas o fenómeno foi mal interpretado. Presumiu-se que um mercado livre global produziria uma democracia liberal universal. Só que, a par dos benefícios da globalização, há efeitos negativos: mudança climática, guerras pelos recursos ou os movimentos de resistência, os vários fundamentalismos.

A luta contra o fundamentalismo islâmico justificou a guerra no Iraque, a par do desejo de tomar posse do petróleo...

- Sim, e foi um fracasso total. A produção petrolífera iraquiana foi reduzida pela guerra. Mas a retirada agora é impossível. O resultado seria a guerra interna pelo petróleo.

A crise do Irão resulta da guerra no Iraque?

- Sem dúvida. A destruição do estado iraquiano criou instabilidades que podem precipitar um ataque ao Irão, o grande beneficiário da guerra, porque o Iraque era a principal força de controlo do Irão. O Irão agora é uma ameaça séria.

O que fazer?

- Um ataque aceleraria a proliferação nuclear, no Irão e no resto do Golfo. A lição é: o melhor é ter as armas de destruição maciça que o Iraque não tinha, porque se as tivesse seria invulnerável, como a Coreia do Norte.

E o pior tipo de proliferação não é dos estados, pois esse é controlável, o pior é chegar aos terroristas que aproveitam a desagregação de Estados, como a União Soviética, ou a criação de estados falhados, como o Iraque. Fazer do Irão um estado falhado é mais perigoso.

Uma das explicações para o terrorismo islâmico é o chamado ‘choque de civilizações’. Não aceita esta ideia.

- Não. Os ideólogos islâmicos foram inspirados por pensadores radicais do Ocidente, como Lenine ou Trotsky. Usam frases como ‘tropas de choque’, ‘revolução islâmica’, não inspiradas na teologia. Acresce que o Islão faz parte das religiões monoteístas ocidentais. Está mais próximo do cristianismo do que das religiões da Índia, China ou Japão. Por isso, a divisão entre o Ocidente e o resto é simplista e perigosa.

Historicamente, a maioria das guerras aconteceu dentro de civilizações. Ou, como nos Balcãs, houve alinhamentos oportunistas de grupos de várias origens, cristãos com islâmicos...

Os valores islâmicos são irreconciliáveis com a modernidade?

- Não creio em nenhuma barreira à modernização dos estados islâmicos. Veja-se a Turquia ou a Malásia. O Iraque, antes da invasão, era um estado moderno, mais do que a Rússia de Estaline.

Receio que regimes seculares e autoritários, como os da Síria ou Egipto, sejam varridos pela política de Bush, que consiste em presumir que instalar uma democracia é obter uma forma de liberalismo. A democracia reforça os grupos mais poderosos de uma dada sociedade. A administração Bush, ao intervir no Iraque, e eventualmente no Irão, não percebe que está a emancipar a força dominante na região, que é o radicalismo islâmico.

QUESTIONÁRIO DOMINGO

Um País... Reino Unido

Uma pessoa... Fernando Pessoa

Um livro... ‘Victory’, Joseph Conrad

Uma música... ‘Musica Callada’, Frederico Mompou

Um lema... ‘Não esperes demasiado do fim do mundo’ (máxima popular polaca)

Um clube... Não tem

Um prato... Egg Benedict (prato americano semelhante a um pequeno-almoço)

Um filme... ‘Solaris’, Andrei Tarkovsky


publicado por Gil Nunes às 17:42
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Quinta-feira, 1 de Março de 2007
O rei da contra-informação
d.joão II.jpg


O poder da informação move montanhas, dá novos mundos ao mundo e derrubra castelhanos.

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publicado por Gil Nunes às 23:35
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O gato que odeia a segunda-feira
garfield.gif


Mais uma excelente banda desenhada!



publicado por Gil Nunes às 23:32
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Visita à escola do Outeiro
Hoje fui à escola do Outeiro, em Oliveira do Douro. Como cheguei um pouco mais cedo em relação à cerimónia oficial que lá ia decorrer, estive um pouco no recreio a observar as crianças. No meio delas um puto chamou-me a atenção. Era daqueles que brincava sozinho no meio da multidão mas que ao mesmo tempo se tentava integrar nas patifarias dos outros de forma ténue e tímida. Chamou-me a atenção a roupa: calças aprumadissimas, camisa engomada e cabelo geometricamente alinhada. E logo comecei aí a pensar com os meus botoões: será que a roupa condiciona a própria maneira de ser e respectivas atitudes do miúdo. Os outros, desalinhadas e com roupas largas, gritavam e saltavam como se não houvesse amanhã. Há, de facto, algo que me faz invejar os mais novos: não têm preocupações absolutamente nenhumas! Por isso, na minha opinião, há que deixa-los rir, chorar, fazer palhaçadas, patifarias, diabruras e até motiva-los para isso seja directamente ou indirectamente...através da roupa, por exemplo!


publicado por Gil Nunes às 23:22
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Relativização dos fenómenos
Uma das coisas que a minha experiência de vida me tem transmitido ao longo dos anos é a relativização dos fenómenos. Ciente de que a mesquinhez, que ocupa a maior parte das conversas mundanas, pode ser prejudicial à convivência social, julgo que a relativização das coisas que se possam à nossa volta pode ser um pleno passaporte para a felicidade, na medida em que a partir desse momento abrimos a nossa mente para algo de realmente importante.
Na nossa viagem de vida convém fazer uma filtragem daquilo que é realmente importante e do que é acessório. Escapar a conversas que incidam pura e simplesmente sobre os outros é assim um passo essencial, sobretudo se tomarmos também em linha de conta que o tempo acaba por conseguir apagar todos os sentimentos daí adjacentes, numa lógica universal de que nada é perene.
Viver com consciência, pensando nos outros e nos valores. Ter ideias, ser criativo em detrimento do diz-que-disse e da conversa da unha encravada


publicado por Gil Nunes às 23:17
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