Sexta-feira, 9 de Dezembro de 2005
O Sr. Medo
evolução e o progresso científico acarretam novos desafios, novas perspectivas em que os mais bem preparados se transformam nos dínamos das respectivas nações.
Mentes brilhantes disparam com trabalhos científicos e estudos minuciosos, tentando obter mais igualdade num mundo com mais problemas. São os profetas do bem, aqueles que dão a sua vida dedicada por uma causa, pelos valores do altruísmo. Bem hajam!
Porém, em todas as histórias existe sempre um vilão, o reverso da medalha. Aqueles que prezam pela destruição e que semeiam o pânico tal qual uma flor se tratasse. São esses mesmos que dão identidade ao medo, transformando-o em algo de banal. E só há um sentimento pior que o medo: a banalização do medo ou, por outras palavras, vivermos com medo e acharmos isso tão normal como tomar o pequeno-almoço todas as manhãs.
A tecnologia colocou em poucos homens a capacidade de matar muita gente. Foi esta uma das tónicas de intervenção do Coronel José Pimentel Furtado, assessor do Almirante Adjunto para as Operações do CEMFGA (Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas), durante a 3ª Conferência de Protecção Civil no Sec.XXI que decorreu, no passado fim-de-semana, no edifício da Alfândega do Porto. Seguindo o raciocínio, com o crescimento das urbes torna-se possível a grande concentração de pessoas numa área reduzida, como é o caso de um centro comercial ou de um estádio de futebol. Potenciais alvos que tem o antídoto em várias palavras sendo as mais importantes a prevenção e a informação. É necessário treino, treino e mais treino referiu o Coronel, frisando também que em caso de atentado a capacidade de resposta de uma Nação pode ser facilmente ultrapassada, como foi o caso dos ataques à estação de Atocha, em 11 de Março de 2004. Meia dúzia de homens, movidos por fortes convicções de destruição, arrasaram completamente a capital espanhola usando como arma de destruição a banalíssima Goma II, explosivo comercializável usado para cortar pedra na construção civil.
Mas o epicentro dos ataques terroristas teve lugar no 11 de Setembro. Membros do grupo islâmico Al-Qaeda sequestraram apenas quatro aeronaves e fizeram-nas colidir contra as duas torres do World Trade Center e outra contra o Pentágono. A quarta aeronave, porém, despenhou-se na Pensilvânia depois dos passageiros terem enfrentado os terroristas. O mundo gelou, depois deste hello brusco do Sr. Medo, dando-se a conhecer a todos os habitantes do terceiro calhau à volta do sol.
O mentor deste ataque é um simples indivíduo barbudo, esquerdino, que à primeira vista tem um ar simpático e um olhar terno. Osama Bin Laden reivindicou, a 29 de Outubro de 2001, os atentados aos Estados Unidos, estando as suas explicações multiplicadas em todos os alfarrábios. Eu digo isto para os Estados Unidos e seu povo: eu juro por Deus que os Estados Unidos não viverão em paz até que a paz reine na Palestina, e antes de tudo que o exército dos infiéis deixe a terra de Mohamed. Que a paz esteja sobre ela. Deus é o Senhor e glória ao islamismo sublinhou o líder da Al-Qaeda.
E estamos apenas no princípio de uma longa história. Quando acabar este Bin Laden outros hão-de vir! declarou o coronel no meio da sua palestra. Estamos apenas a conhecer o primeiro passo do Sr.Medo, que decididamente veio para ficar!