Quarta-feira, 11 de Novembro de 2009
Bifana

 

Apesar de ter sido há pouco tempo, recordo com saudade os tempos de confraternização no La Bodega de Vancouver . José, Paco e tantos outros que passavam pelo balcão e no instante passavam a ser amigos. Do convívio se passava rapidamente à risada, enquanto se miravam as belas pernocas das mexicanas que trabalhavam naquele estabelecimento.
 
Foi a oportunidade de ouro para matar saudade das amêijoas e do meu peixinho variado, que no Canadá escasseia. Aliás, naquele país o único peixe que eu vi com abundância foi o salmão, que é o peixe mais homossexual que existe. A sério, aquilo quase que passa por carne de vitela.
 
No meio do “chit – chat”, lá apareceu um fotógrafo canadiano que me disse ter estado em Portugal a fazer uma reportagem. Perguntei-lhe o que tinha gostado e ele respondeu-me que apreciou muito um fabuloso petisco da nossa praça: a bifana. E pediu-me para lhe dar a receita.
 
Sabem bem os que me rodeiam que não cozinho nada bem. Mas quando me perguntam sai-me sempre a receita “Carne de porco com ananás” que eu uma vez vi naquele programa da Roça com os Tachos. Por certo que Filipe Abrantes se lembra daquela mítica noite no Triplex em que uma sujeita me perguntou qual o prato em que eu era especialista. Disse-lhe a receita de trás para a frente e ela não duvidou por um instante. É por isso que eu digo que na vida mais vale parecer do que ser. Posso é garantir que, para compensar, sou muito asseadinho e até tenho um bocado a mania das limpezas.
 
Mas de bifanas não sei. E não me apeteceu estar a mentir, pelo que lhe disse que o melhor que tinha a fazer era ir ao Clube Português de Vancouver. Uma semana volvida não percebo qual a fixação na bifana. A última vez que comi uma bifana foi no Verão quando fui à quinta do meu pai. É daquelas coisas que não consigo dizer se está boa ou não, sabe-me sempre ao mesmo. A bifana é a minha caixa de embraiagens. Quando falo do meu carro nunca me refiro a ela, apesar de não me incomodar. É uma relação estranha e pouco íntima, sem qualquer tipo de relação emocional. Amorfa diria mesmo. Não seria capaz de entrar na “Confraria da Bifana”.


publicado por Gil Nunes às 16:31
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