Caro José Rodrigues dos Santos:
Venho por este meio mostrar a minha desilusão em relação ao seu trabalho. Mas já lá vamos. Como diz o povo, em altura de boas e más notícias comecemos pelas boas.
Na quarta-feira fiquei mais uma vez absolutamente atónito com a sua capacidade de desdobramento linguístico. Disse “Shakthar Donetsk” com uma pronúncia tal que eu o imaginei sentado num banquinho nas margens do Dniepre a pescar. Neste clima de harmonia plena entre Joséf e a natureza, pena que as pombas caguem como abróteas em cima das nossas justas cabeças. Donetsk!!!
Ressalvo também a forma como o “Mancheste Unnniiittteeddd” é dado a conhecer no seu discurso. De principio ainda pensei que fosse alguma corrente de ar na RTP que o obrigasse a prolongar um pouco mais a palavra. Todavia, em face da repetição do acto ao longo de todo o ano, acho que as janelas da estação pública nem sempre devem estar abertas pelo que saliento mais este seu exemplo multilinguistico. É por si também a única razão pela qual eu lamento a saída de George W. Bush da Casa Branca. Onde mais vou ter oportunidade de ouvir a referência a “Dabliuuuu Baaasssshhh”?
E podia falar de “Gerhhhard Schroeeder”, “José Maria Azná” e tantos outros que conferem ao seu discurso a capacidade de percorrer o globo de uma forma global. Sim, você é a globalização na sua forma mais pura, vincada no sumo de cada língua, exposto de forma carnuda de cada vez que você apresenta o Telejornal.
Por estes motivos, quero dar a conhecer a minha insatisfação em relação à sua discriminação para com os PALOP e Brasil. Ainda recentemente falou de motins no Rio de Janeiro sem dar a pronuncia adequada. Também não posso deixar de lado a sua referência a situação de Cabinda sem sequer se esforçar em dar a conhecer o tao belo sotaque africano.
Enquanto anseio que os Gato Fedorento lhe dediquem um sketch, espero que este post sirva para poder melhorar a sua performance, a bem da língua e da cultura portuguesa espalhada no mundo.
Obrigado,
Gil Nunes